A Educação Fisica e os Intelectuais
Por Paul Hazard (Autor).
Em Revista de Educação Física - Centro de Capacitação Física do Exército, n 1, 1932.
Resumo
Facil seria encontrar, através da tradição francésa.. a prova da união frequente entre a preocupação da alma e o cuidado do corpo. A educação moral desacompanhada da educação física está de antemão condenada a falhar.
Lembremo-nos do ardor de Rabelais, ao entregar-se em conceber o ideal do homem, segundo a R enacença o imaginava, pelo programa de educação física que 'ele impõe ao mui nobre e ilustre Gargantua, que não é só o filho de Pantag-rue', mas talv'ès o símbolo dos tempos novos: -Nadava como peixe, direito. ao avesso, de lado. com o corpo todo, só com os pés, uma das mãos no ar, com a qual, segurando um livro, atravessava todo o Sena sem o molhar, e puxando a capa com os dentes, como fazia Julio Cesar. Em seguida, com a outra mão trepava num barco. e (Mie se atirava imediatamente nagua, de cabeça. sondava o fundo, penetrava os rochedos, ia até os abismos e voragens. Depois virava o barco, governava-o, conduzia-o óra depressa, óra de vagar. contra a corrente, prendia-o, guiando-o com uma das mãos, e com a outra fazendo de rêmo, abria a vela, subia acs mastros. corria sobre as vêrgas, ajustava a bussola, escorava a bolina aparelhava o léme, Saindo dagua. subia montanhas a pique e descia-as desembarazadamente; arranhava as arvores como gato, saltava de umas para outras como sagui, quebrava os grossos galhos como um novo Subia ao alto de uma casa, e de lá de cima vinha abaixo com tal geito de membros que a quéda não lhe fazia mal algum. Puzessem-lhe uma vara apoiada a duas arvores e néla êle se dependurava pelas mãos, indo e vindo, sem servir-se dos pés para cousa alguma. E para exercitar os pulmões e o thorax berrava como todos os diabos... ! !"