A escalada em Belo Horizonte – MG : um estudo sobre a constituição do subcampo esportivo da escalada e as transformações do habitus
Por Kássio Vinicius Castro Gomes (Autor), Silvio Ricardo da Silva (Autor).
Resumo
Este estudo trata da constituição do subcampo esportivo de escalada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. A partir de meus estudos e vivências como escalador, entendo a escalada como prática esportiva caracterizada pelo ato de subir em obstáculos naturais ou artificiais com o emprego apenas de equipamentos não mecânicos. Busquei compreender como este subcampo esportivo se constituiu, destacando: seus conflitos internos, alterações sofridas, e permanências dos postos de poder simbólico que transformam o habitus desta estrutura. Para desenvolver a pesquisa, optei por uma abordagem sócioantropológica a partir do conhecimento praxiológico bourdieusiano. Foram empregadas técnicas de revisão bibliográfica, entrevistas semi-estruturadas, observação participante e análise de documentos. A fim de desvelar o habitus dos escaladores em suas relações, o lócus da pesquisa se caracteriza pelos espaços mais freqüentados pelos praticantes de Belo Horizonte. Com a aproximação aos termos e categorias desenvolvidas e abordadas na pesquisa, a escalada foi compreendida como possibilidade de lazer na urbanidade, sendo tratada como esporte distinguindo-se do emprego do termo “Atividades Físicas de Aventura na Natureza” - AFAN’s. Para explicar e consolidar a posição acerca da escalada como prática esportiva geradora de um habitus comum aos escaladores de Belo Horizonte, foi recuperado o histórico do montanhismo mundial e nacional. Assim, (re)construindo a história de constituição do subcampo esportivo da escalada e as transformações do seu habitus. Concomitantemente às categorias de ‘campo’ e habitus, estas foram sendo gradativamente desveladas e articuladas com as noções de poder, capital e violência simbólica, consideradas vitais para a compreensão das motivações dos conflitos e busca de distinção no interior deste subcampo. Assim, concluí que: o subcampo esportivo da escalada de Belo Horizonte permanece em constante movimento de transformações em seu habitus, dialeticamente se construindo e reconstruindo a partir das disputas provocadas entre os que lá estão em posições consolidadas e os que chegam com o desejo de ocupar espaços diferenciados neste subcampo.