Resumo

O Laboratório de Pesquisas em Educação do Corpo vem se dedicando a analisar como os jovens atletas conciliam as atividades relativas à profissionalização no esporte e os estudos. Nesta pesquisa, tratei sobre esse tema com os jovens atletas em formação no turfe. O processo seletivo nesse esporte segue alguns critérios pouco flexíveis. Em contrapartida, as possibilidades de ganhos financeiros neste mercado podem ser bastante atraentes para os jovens que tentam esse tipo de profissionalização. As oportunidades de geração de renda imediata e a possibilidade de mudar a condição social de suas famílias podem influenciar as escolhas e a decisão dos jovens atletas do turfe entre seguir as vias escolares ou esportivas. A iniciação neste esporte é feita em uma fase da vida em que a escola deveria, segundo os ideais normativos e culturais, estar no cerne do projeto de carreira de qualquer jovem. O problema deste estudo encontra-se justamente no ponto em que o jovem decide dividir a sua rotina diária entre duas atividades que exigem tempo e dedicação. Com base na construção do problema de pesquisa, o objetivo geral do trabalho foi analisar como esses atletas organizam o seu tempo diário com as atividades de treinamento e as tarefas escolares. O referencial teórico-metodológico que sustentou esta pesquisa teve como pilares dois conceitos, a saber: projeto individual e escolha racional. A natureza desses conceitos permeou toda a análise dos dados. O que tentamos elucidar ao longo do estudo foi: como esses jovens em idade escolar conciliam o turfe com as atividades escolares? Os jovens atletas entrevistados têm idades entre 16 e 19 anos. O universo investigado constituía-se de um total de 12 atletas em processo de profissionalização no turfe no Rio de Janeiro. Porém, realizei 11 entrevistas, pois não foi possível contatar um dos atletas. O instrumento de coleta de dados foi um roteiro de entrevistas semiestruturadas. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens da pesquisa teve contato com o turfe ainda na infância. As relações interpessoais estabelecidas nesta fase da vida permitiram incluir no campo de possibilidades desses jovens as atividades equestres. Além disso, verificamos que, na concepção dos atletas investigados, o esporte tem uma dimensão fortemente atrelada ao prazer, diferentemente do trabalho ordinário e da obrigação da vida escolar. Observemos que a condição do prazer pode contribuir para reforçar a preferência por uma atividade à outra menos prazerosa e sem rentabilidade em um dado momento da vida em que o jovem tenha que executar escolhas. Somado a isso, a possibilidade de ganhos financeiros ao longo da carreira esportiva está presente no horizonte das escolhas. 

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