Resumo
A adolescência é entendida como um estágio intermediário entre a infância e a idade adulta e caracteriza-se como um período de crescimento físico e desenvolvimento acelerados. Os adolescentes são muitas vezes considerados um grupo exposto ao risco nutricional devido a seus hábitos alimentares e estilo de vida. A promoção de estilos para uma vida saudável pode contribuir para a saúde de crianças e adolescentes, sendo que as unidades de ensino se apresentam como um espaço privilegiado para esse tipo de atividade. Objetivou-se conhecer o estado nutricional, preferências alimentares e estilo de vida de 578 adolescentes, de ambos os gêneros, matriculados em sete escolas públicas da cidade de Piracicaba, estado de São Paulo. Foram analisados os indicadores antropométricos (escore Z de altura para idade – ZAI e escore Z de peso para idade – ZPI) e a distribuição do Índice de Massa Corporal – IMC. Por meio da aplicação de um questionário, foram obtidas, junto aos escolares, informações referentes às práticas alimentares, atividade física e estilo de vida. Adotando-se formulário específico, preenchido pelos pais e/ou responsáveis, foi possível a identificação das condições sócio-econômicas das famílias dos escolares. Professores de ciências e de educação física (n= 26) das escolas foram entrevistados com o objetivo de identificar o grau de conhecimento dos mesmos sobre o tema "alimentação e nutrição". Foram elaboradas tabelas de contingência, acompanhadas dos testes de qui-quadrado e análise de regressão múltipla. Entre os principais resultados, merece destaque a reduzida prevalência (4,0%) de escolares com escore ZAI < −2. Observou-se 22,1% de escolares com IMC ≥85 ° P (indicativo de sobrepeso). Nesta pesquisa não foi possível verificar a associação (estatisticamente significativa) entre as variáveis renda familiar per capita e estado nutricional. Verificou-se que os alimentos mais consumidos diariamente pelos escolares foram: arroz, feijão, pão, leite, frutas, sucos, margarina, café, verduras e achocolatados. Cerca de 70% dos jovens costumavam comprar alimentos na cantina, com predomínio da preferência para alimentos ricos em açúcar e gorduras. Adotando-se a técnica estatística de regressão múltipla, foi possível notar que em cada mês adicional na vida dos meninos há aumento do consumo de 4,33 kcal, enquanto para as meninas o consumo diminui 2,14 kcal por mês. Verificou-se que os adolescentes permanecem, em média, 4 horas assistindo à televisão diariamente e que 78,6% dos entrevistados praticam esportes. Observou-se, tendo por base os dados obtidos junto aos professores, que os temas mais abordados por eles em sala de aula enfocam a relação dos nutrientes e suas funções e a alimentação balanceada. Os docentes reconhecem, unanimemente, a forte influência exercida pela televisão sobre os hábitos alimentares dos escolares. A implementação de programas de educação nutricional dirigidos aos adolescentes tem importância incontestável, como recurso para incentivá-los à adoção de práticas alimentares saudáveis e estilo de vida que favoreçam a qualidade de vida.