Resumo

O presente estudo busca compreender, a partir de um olhar da História do Tempo Presente, como o Salvamento Aquático em Santa Catarina (SC) incorporou elementos de esportivização. Criada em 1995, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) organizou no Rio de Janeiro, de 1996 a 1998, os três primeiros Campeonatos Brasileiros de Salvamento Aquático. A primeira participação do Corpo de Bombeiros Militar/SC (CBMSC) neste evento foi em 1997, fato apontado como motivador para a organização de campeonatos também no estado de SC (ENTREVISTADO A, 2017). Embora a prática de Salvamento Aquático em SC tenha seu início oficial na década de 1960, na cidade de Balneário Camboriú, pela polícia de praia (SOUZA, 1994), foi a organização e participação em campeonatos que evidenciou a incorporação de elementos do esporte moderno ao Salvamento Aquático. Entre estes, destacam-se o confronto entre os participantes, o treinamento especializado e a incorporação de regras sistematizadas - que determinam a configuração inicial e os padrões dinâmicos no desenrolar da prova (ELIAS; DUNNING, 1992). Atualmente, as competições nacionais, como o Sobrasa Rescue Race – Santa Catarina 2016 (XVI Campeonato Brasileiro de Salvamento Aquático), seguem os manuais de competição da International Life Saving (ILS, 2011). Esta institucionalização evidencia a mundialização da prática esportiva de salvamento aquático de modo autonomizado, com espaços e tempos próprios (MARTINS; ALTMANN, 2007). Sob olhar do ENTREVISTADO A, um dos pioneiros do Salvamento Aquático em SC, os campeonatos também têm o intuito de motivar a preparação física para o exercício do salvamento e aperfeiçoar o conhecimento do ambiente de praia. Assim, podemos refletir sobre um viés ambíguo assumido pelo Salvamento Aquático, uma vez que as práticas assumem a dinâmica esportiva do alto rendimento ao mesmo tempo em que os discursos focam-se nas contribuições motivacionais do esporte para o aperfeiçoamento das ações de resgate.