Resumo

Ao longo do período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, inúmeros experimentos de teatro via streaming ou de performances digitais parecem ter fundido a ideia de casa – como o lugar do íntimo, do habitat, do individual – à ideia de cenografia, conformando uma espacialidade de natureza ambígua e complexa, na qual a dramaturgia do real se mescla à ficção, na mesma medida em que o público se confunde com o privado. São práticas que adotam as câmeras e as telas como elementos estruturantes na experiência do espectador, lançando mão de técnicas de manipulação de imagens variadas que bebem da fonte da linguagem audiovisual clássica ligada às origens do cinema (edição, montagem, etc.), ao mesmo tempo em que propõem novas formas de operação e de articulação de imagens, adaptadas à estética da web (uso de telas múltiplas, etc.). A partir de uma pesquisa prática realizada com alunos de disciplinas sobre espaço cênico da Universidade Federal de Minas Gerais, esta pesquisa tem como objetivo levantar algumas reflexões sobre a adaptação e o deslocamento de determinadas práticas didático-pedagógicas ligadas ao campo da cenografia teatral para o campo da linguagem audiovisual no contexto da internet. Pretende-se compartilhar alguns breves exemplos de performances digitais realizadas pelos alunos, nas quais se buscou encontrar pontos de contato entre as diferentes espacialidades domésticas, para se levantar alguns questionamentos sobre a estética da domesticidade, a linguagem da performance na internet e a dramaturgia da câmera.

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