A Estética no Ténis de Alto Rendimento: Diferenciação Jogo de Singulares Vs. Jogo de Pares
Por Teresa Lacerda (Autor), Ana Catarina Nogueira (Autor), Alda Corte-Real (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Se a estética do desporto é uma área de estudo recente, o mesmo não se pode
afirmar relativamente à consciência de que a actividade desportiva encerra valor
estético. Já em 1938, num trabalho intitulado Desporto, jogo e arte, LIMA sustentava
que o desporto pode suscitar profundas emoções estéticas. As aproximações do
desporto à arte são recorrentes mas, o desenvolvimento e a sustentabilidade da
estética do desporto passam pelo preenchimento desse imenso espaço para
investigação que existe neste domínio. A consideração do desporto do ponto de
vista estético radica na importância de olhar esteticamente para a diversidade dos
desportos. Os dados da literatura evidenciam um conjunto significativo de autores
que partilha do entendimento de que todos os desportos detêm valor estético.
Contudo, grande parte destes estudos têm-se centrado no domínio da reflexão
filosófica, com recurso a procedimentos de natureza hermenêutica e crítica, sendo
escassos os trabalhos ao nível da investigação com base em dados empíricos. A
presente investigação procurou contribuir para o esclarecimento do valor estético
do ténis, a partir da opinião de intervenientes directos no universo desportivo. O
objectivo do estudo traduziu-se em identificar a presença duma mais-valia estética
associada ao jogo de singulares ou de pares. Considerando que o jogo de pares se
distingue fundamentalmente do jogo de singulares pelo facto de se tratar de um
jogo de equipa, colocou-se a hipótese de existir alguma diferenciação ao nível das
categorias estéticas associadas a cada uma destas formas de jogo. Para a concretização
do estudo foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a 14 treinadores portugueses
de elite, de tenistas juniores e seniores. Fundamentada em estudos anteriores foi
constituída uma grelha de análise, na qual se incluíram categorias específicas que
permitiram organizar e sistematizar as informações e, estabelecer os nexos e as
relações de causalidade entre os dados. Os principais resultados e conclusões
evidenciaram que, para o grupo de treinadores inquiridos, o jogo de pares encerra
maior valor estético do que o jogo de singulares. Com efeito, a frequência de
enunciação de que "o jogo de pares é mais estético" foi quase duas vezes superior à
frequência com que o jogo de singulares foi referido. As categorias estéticas beleza,
ritmo, variabilidade, coordenação, cooperação, táctica e técnica surgiram de modo
recorrente nos discursos dos entrevistados.