Resumo

A cidade da Beira nasce em finais de oitocentos, nos alvores da ocupação portuguesa do território que por décadas integrará a colónia de Moçambique. Quase de imediato é entregue à administração da majestática Companhia de Moçambique, onde preponderavam interesses ingleses. Como noutras cidades coloniais dessa época, o tempo dos habitantes é essencialmente preenchido com trabalho, a cuja dura rotina só escapa uma elite muito estrita, constituída por funcionários britânicos e portugueses. A influência britânica pontifica na definição das atividades de lazer, na sociabilidade, no quotidiano, estendendo-se até à toponímia. Numa paisagem aluvial, a Beira começara a ser edificada numa língua de areia entre a foz do rio Pungue e os esteiros do Chiveve. Nas descrições das amenidades do lugar, nos primórdios de novecentos enaltecer-se-ia a excelência do green do Chiveve. Só décadas depois, em razão do crescimento da cidade para as periferias pantanosas e da mudança das condições políticas – dentre as quais, a integração na administração portuguesa e as das modulações do colonialismo ditatorial –, os pântanos foram figuradamente referidos como viveiros de talentos futebolísticos, na circunstância, jogadores africanos

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