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INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa tem como objeto de análise o processo de criação e desenvolvimento dos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação Física no Brasil. A partir do levantamento bibliográfico realizado, verificamos a inexistência de trabalhos que se propuseram a analisar o processo de criação e desenvolvimento dos Programas de Mestrado e Doutorado desta área, no cenário nacional. Em virtude disso, nos propomos a desenvolver este estudo cujos objetivos específicos foram: a) Analisar o contexto de criação e de desenvolvimento dos Programas de Pós-graduação stricto-sensu no Brasil; b) Analisar o processo de implantação e desenvolvimento dos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação Física no Brasil; c) Analisar a distribuição geográfica do Sistema Nacional de Pós-Graduação e mais precisamente dos Programas de Pós-graduação stricto-sensu em Educação Física; d) Identificar, a partir das listagens das pesquisas produzidas em cada instituição, informações gerais a respeito das teses e das dissertações defendidas em cada Programa. Acreditamos que estudos como estes contribuem com as áreas de conhecimento, pois além de identificar as transformações, avanços e lacunas ainda enfrentadas pelos Programas de Mestrado e Doutorado, fornecem um conhecimento sistematizado, continuado e atualizado sobre as características e tendências dos Programas de Pós-Graduação.

METODOLOGIA:

Este estudo caracteriza-se como do tipo bibliográfico-documental. As fontes utilizadas para coleta dos dados foram: estudos realizados sobre o contexto de criação e desenvolvimento dos Programas de Pós-Graduação, no Brasil, de uma forma geral e mais especificamente na área de Educação Física, base de dados da Capes e das instituições que oferecem cursos de Mestrado e Doutorado em Educação Física, além das listagens com a relação das dissertações e teses defendidas nos Programas de Pós-Graduação stricto-sensu em Educação Física. As principais técnicas adotadas para coletar os dados foram os levantamentos bibliográfico e documental. As etapas para a coleta dos dados foram: a) Registro dos aspectos históricos relacionados aos Programas de Mestrado e Doutorado do Brasil; b) Consulta a estudos e a documentos sobre o contexto de criação e desenvolvimento dos Programas na área da Educação Física, por meio das bases de dados de cada instituição; c) Pesquisa na base de dados da Capes para obtenção de estatísticas da Pós-graduação no Brasil; d) Identificação de informações sobre as teses e dissertações produzidas em cada Programa; e) Análise dos dados coletados.


 RESULTADOS:

Somente em 1977 foi criado o primeiro programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado em Educação Física no País e em 1989 o primeiro curso de doutorado da área. No que diz respeito à distribuição geográfica do SNPG e dos Programas de Pós-Graduação na área da Educação Física os dados coletados nos permitem afirmar que há um desequilíbrio regional e intra-regional dos Programas. Em relação ao crescimento dos Programas de Pós-Graduação em Educação Física, em nosso País, identificamos que houve aumento no número de cursos, porém o incremento, no que se refere ao oferecimento de novas áreas de concentração e linhas de pesquisa, foi o fator de maior influência nessa expansão o que se refletiu no aumento significativo de trabalhos produzidos e defendidos na área, no período em estudo. No que diz respeito ao aumento de trabalhos produzidos e defendidos nos Programas constatamos que entre 1979 e 1987 foram defendidos 160 estudos, em nível de mestrado. No período de 1988 a 1994 foram produzidos 280 trabalhos. Entretanto, nos oito anos seguintes, 1995 a 2003, foram defendidos 1409 trabalhos em treze Programas de Mestrado existentes na área, perfazendo um total de 1849 dissertações defendidas na área da Educação Física no Brasil no período de 1979 a 2003. No tocante às teses verificamos que entre 1994 e 2003, foram defendidos 181 estudos.


 CONCLUSÕES:

A distribuição geográfica dos Programas revela a desigualdade da produção científica e tecnológica no Brasil no que se refere à localização dos Programas, havendo a preponderância da região Sudeste sob as demais regiões do Brasil. A região Sul, especialmente em relação ao número de cursos, discentes e docentes vinculados ao SNPG, ocupa uma posição intermediária. Mas, nota-se, nos vários aspectos apresentados, que a situação mais grave é enfrentada pelas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. As dificuldades regionais para consolidação da pesquisa e da Pós-Graduação "obedecem" a critérios perversos de financiamento (vinculado principalmente à avaliação da Pós-Graduação), cuja tendência é privilegiar os centros de excelência e os programas já consolidados, os quais se concentram, na grande maioria, na região Sudeste. Apesar das inúmeras dificuldades e problemas identificados é importante reconhecer que o processo de criação e desenvolvimento da Pós-Graduação no Brasil é dinâmico e expressa diferentes tipos de interesses e contradições, assim traz alguns avanços, como, por exemplo, o aumento no número: de Programas e conseqüentemente da produção científica; de doutores atuando nas universidades e centros de pesquisas; de artigos assinados por brasileiros em revistas internacionais indexadas; de menções aos trabalhos nacionais (citações); de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e etc.