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Há pessoas que no âmbito do Movimento Olímpico se julgam no direito de decidir quem pode e quem não pode dedicar-se ao estudo e à investigação das questões do Olimpismo. Na sua profunda ignorância e pesporrência estão convencidos que são proprietários de algo que os transcende. Quer eles queiram quer não, o Olimpismo é propriedade da Humanidade e não de uma qualquer casta que numa atitude profundamente xenófoba se gosta de chamar a si própria de "família olímpica".

Em Portugal, os dirigentes do Comité Olímpico de Portugal (COP) também se julgavam no direito de decidir quem podia ou não utilizar as palavras olímpico, Olimpismo ou, entre outras, Jogos Olímpicos, convencidos de que eram proprietários não só dos conceitos em si, como das próprias palavras que pertencem, como qualquer pessoa de bom senso sabe, à língua portuguesa e aos seus falantes. Em conformidade, pretenderam acabar com uma organização de seu nome Fórum Olímpico de Portugal. Para o efeito, contrataram um dos maiores escritórios de advogados do país mas o tiro saiu-lhes pela culatra. Os Tribunais portugueses decidiram que a lei não lhes concedia o monopólio do uso das palavras pelo que o Fórum Olímpico de Portugal continua de boa saúde a produzir conhecimento na área do Olimpismo. Entretanto, tomamos conhecimento que o Comité Olímpico Brasileiro (COB) quer obrigar uma investigadora da Universidade de São Paulo de seu nome Kátia Rúbio que investiga e publica há vários anos sobre a problemática do Olimpismo, a recolher o seu último livro intitulado "Esporte, Educação e Valores Olímpicos"! Tal como cá, os caras lá do Brasil também se julgam proprietários das palavras olímpico, olímpica, olimpíada, Jogos Olímpicos e suas variações...!!!

Há uns anos, tivemos a oportunidade de assistir no Rio de Janeiro a uma conferência sobre Olimpismo proferida precisamente pelo presidente do COB. O que a generalidade das pessoas no  m da conferência comentou foi que o cara falou de dinheiro, de muito dinheiro, de marketing, de investimentos e de todos os termos possíveis e imaginários na área económica e  nanceira, contudo, ninguém o ouviu falar de Olimpismo, de valores do desporto, de educação ou de desenvolvimento humano.

O problema é que, como a generalidade dos dirigentes do Movimento Olímpico não fala sobre o Olimpismo e os seus valores, quer obrigar os outros a fazer o mesmo.

Não poderá Lula da Silva meter o sujeitinho na ordem. Em Portugal foram os Tribunais através dos doutos acórdãos dos juízes que o  zeram (o processo pode ser consultado em: www.forumolimpico.org).

Gustavo Pires. Professor na FMH/UTL