Resumo

Embora o futebol seja o esporte mais popular do Brasil e, como consequência, este cenário seja favorável na percepção de novas receitas para as entidades envolvidas nesse âmbito, estudos anteriores destacam que os clubes de futebol do Brasil tendem a apresentar condições de elevado endividamento e insolvência em virtude de limitadas práticas de gestão. Esta deficiência na gestão dos clubes brasileiros de futebol, somada ao rico potencial humano existente, denota uma frequente prática prejudicial aos clubes: a venda precoce de atletas formados nas categorias de base. Embora esta medida de caráter urgente seja amplamente utilizada visando contornar problemas de caráter financeiro dos clubes em questão, não há sugestão anterior de que sejam feitos investimentos em larga escala nas categorias de base no Brasil. Assim, este estudo buscou analisar a relação entre os investimentos feitos nas categorias de base de um clube de futebol do Brasil com as respectivas receitas auferidas diante da cessão de direitos econômicos dos atletas formados nessas categorias e a situação de endividamento dessa unidade formadora. Para tal, foram analisados os dados referentes ao Fluminense Football Club dada a sua relevância no cenário futebolístico nacional e seu caráter de clube formador. Diante de informações referentes a um intervalo cronológico que se inicia em 2007 e finda em 2017, foi possível notar uma não eventualidade nas receitas decorrentes da venda de direitos econômicos de atletas formados pelo clube, ao passo que há uma evolução média do endividamento geral. Assim, a fonte de receitas mencionada poderia ser utilizada como medida de alívio financeiro para o clube em certas circunstâncias, como havia sido destacado por Araújo, Fabiano, Gomes e Lemes (2013). Ademais, foi identificada uma relação inversa entre os investimentos feitos no Centro de Treinamentos Vale das Laranjeiras (CTVL) e o índice de endividamento geral do Fluminense Football Club. Este fato sugere que o clube em questão deveria aumentar os aportes financeiros nas categorias de base, uma vez que estes dispêndios, de forma geral, são investimentos capazes de gerar retornos financeiros potenciais para o clube, algo próximo do que havia argumentado Marçal (2018). Os resultados dessa pesquisa podem auxiliar os clubes de futebol do Brasil na compreensão da relevância de seus jogadores formados nas categorias de base perante o aspecto de sua situação econômico-financeira. O uso de uma única entidade como unidade observada na pesquisa, embora justificável, representa também uma limitação no poder inferencial, dado que as análises não são passíveis de generalização para todos os clubes do cenário nacional. 

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