Resumo


INTRODUÇÃO
A historiografia da Educação Física aponta que o saber médico foi um dos mais importantes para a legitimação das práticas corporais no século XIX (GÓIS JUNIOR, 2013; MELO e PERES, 2014). Embora a prática de exercícios físicos sistematizados não estivesse presente na maioria das escolas brasileiras daquele período, percebia-se um número significativo de defesas para sua implantação, especialmente, a partir da segunda metade do século XIX (MELO e PERES, 2014). A defesa da educação física estava, muitas vezes, ligada ao entendimento da dimensão higiênica e civilizadora dessa dimensão da educação (GONDRA, 2004). Dentro desse contexto, esse texto visa compreender o que era entendido por educação física e as relações com as propostas de formas de higienizar a população brasileira segundo parte da medicina entre os anos de 1870 e 1892 na cidade do Rio de Janeiro.

DOCUMENTAÇÃO PESQUISADA
As principais fontes mobilizadas foram as teses da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro defendidas para obtenção do título de doutor em Medicina que continham como tema a educação física ou a higiene escolar dentro do período pesquisado. Durante o período de 1874 e 1892 foram defendidas cinco teses. Os autores das teses foram: em 1874, Amaro Ferreira das Neves Armonde (ARMONDE, 1874), Augusto Cesar de Miranda Azevedo (AZEVEDO, 1874), João da Matta Machado (MACHADO, 1874). Em 1884: João Costa da Silva Nunes (NUNES, 1884). Em 1892: Severino de Sá Brito (BRITO, 1892).

PROPOSTAS DE FORMAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Os autores da documentação pesquisada não restringiam a educação física aos exercícios físicos e nem a uma disciplina escolar. Eles utilizavam um conceito amplo de educação física. Faziam parte dela: a ginástica, a arquitetura dos edifícios, a alimentação, o banho, as formas de excreção, o asseio, a dança, o canto e declamação, a natação, a esgrima, os jogos, a equitação, os passeios e a caça. Tudo que dizia respeito ao desenvolvimento físico podia ser enquadrado na educação física.
A educação física era entenda como um instrumento da higiene que poderia agir modificando indivíduos poucos higiênicos: fracos, doentes e improdutivos. Ela poderia, inclusive, atuar sobre as influência da “hereditariedade”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos limites desse trabalho pude compreender as formas propostas para higienizar a população por meio de uma educação física defendida por parte da medicina nos anos de 1870 até 1892. Uma questão ainda não respondida que está para fora dos limites desse trabalho é como a educação física entendida de forma ampla foi apreendida dentro do cotidiano das escolas nesse período. Será que as propostas do pensamento médico eram respeitadas? Como essas formas de educação física foram ressignificadas dentro das culturas escolares? Essas são perguntas para outra história.

Acessar