Resumo
O handebol é um jogo esportivo coletivo (JEC) cuja lógica interna regula as interações entre jogadores e equipes. Com o goleiro de handebol isto não é diferente, pois em seu processo de ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) é preciso considerar a influência das capacidades motoras, psicológicas e técnico-táticas em função das exigências que são determinadas ao posto específico. Sendo o treinador, o responsável pelo planejamento e condução do processo de EAT, sua opinião é fundamental para que seja possível compreender quais as características que podem influenciar na ação do goleiro de handebol. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi identificar as diretrizes para o processo de EAT do goleiro de handebol. Para identificar o panorama da literatura sobre o goleiro de handebol, foi feita uma revisão sistemática sobre o ensino e análise de jogo desse posto específico. Para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizada uma abordagem qualitativa, por meio da realização de entrevistas semiestruturadas com os treinadores da categoria sub-16 que atuavam em duas ligas regionais do Estado de São Paulo. Para a tabulação e análise das entrevistas foi utilizado o método Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os achados da revisão sistemática apontaram que os estudos com goleiros de handebol são recentes e, por essa razão, foram identificadas algumas lacunas na literatura, como os estudos com goleiros jovens e os estudos com treinadores, que são características da presente pesquisa. Após a análise dos discursos dos treinadores, foi possível identificar que, para a categoria sub-16, o processo de EAT do goleiro de handebol deve ser pautado no desenvolvimento de um repertório motor amplo que facilite o aprendizado das técnicas específicas exigidas pelo jogo. Essas características irão pautar suas ações na fase defensiva para conseguir defender os diferentes tipos de arremesso, a partir da capacidade de leitura dos sinais relevantes que podem influenciar as ações que o goleiro pode fazer em jogo. Essa leitura deverá ser capaz de identificar sinais como o braço de arremesso, o gestual técnico e as trajetórias do adversário. Na fase ofensiva, o goleiro deve ser estimulado a compreender o modelo de jogo de sua equipe para que possa dar orientações técnico-táticas aos jogadores de quadra, como os espaços para atacar em vantagem numérica e possíveis feedbacks relacionados ao comportamento do goleiro adversário. Nesta fase, o goleiro também deve procurar repor a bola em jogo rapidamente após fazer uma defesa ou recuperar a posse de bola próximo a sua área. Esse comportamento pode favorecer o ataque da sua equipe, ao obter vantagens como acelerar o ataque e dificultar o retorno defensivo do adversário