Resumo

A Gerontologia é uma área relativamente nova no Brasil. Nos anos 1960 foram fundadas as primeiras sociedades científicas e profissionais em geriatria e em gerontologia, bem como os primeiros programas brasileiros destinados à Terceira Idade. Ao longo dos anos 1980, apareceram os primeiros departamentos acadêmicos e residências médicas em Geriatria, assim como disciplinas isoladas e cursos de especialização sobre envelhecimento em várias áreas acadêmicas. Desde 1990, o estabelecimento de alguns programas de mestrado e doutorado tem estimulado a pesquisa no campo gerontológico. Em conjunto, essas instituições têm tido forte influência sobre o treinamento de recursos humanos, a constituição do campo profissional e científico da geriatria e da gerontologia, e a construção da velhice como categoria social. Nos últimos anos, o estabelecimento da gerontologia como profissão tem sido um desafio crescente às instituições educacionais e às profissões tradicionais. A tensão tem se ampliado devido ao aparecimento de políticas públicas que sugerem que os campos educacional e profissional da gerontologia podem ser criados por lei e também por causa das mudanças econômicas e sociais observadas em várias carreiras e no mercado profissional de modo geral. Todavia, o estabelecimento de um campo profissional não é propriamente uma questão de vontade, mas um processo que inclui: a) uma gradual especialização dos serviços considerados como úteis e relevantes pela população; b) a criação de associações profissionais específicas com duas funções básicas – o estabelecimento de critérios para a diferenciação de pessoas qualificadas e não-qualificadas e a constituição de um código de ética a ser seguido pelos qualificados; c) o estabelecimento de uma formação específica baseada num corpo sistemático de conhecimentos, métodos e dados empíricos; d) o desenvolvimento de uma cultura profissional entre os membros. A construção da gerontologia como campo profissional unificado ou múltiplo está ainda em seus primórdios no Brasil.