Resumo

A presente investigação situa-se no conjunto de trabalhos desenvolvidos pelo LOED/FE/UNICAMP que tratam da temática Formação de Professores. Especificamente, aborda a Formação do Professor de Educação Física a partir da problematização da Formação frente à tendência geral do capitalismo de recompor taxas de lucros, o que tem implicações em proposições para a formação de professores defendidas, por um lado, pelos formuladores e implementadores das políticas de governo e, por outro, pelos Movimentos e Fóruns que resistem e reivindicam outras referências emancipatórias para a formação humana. Em outras palavras, buscam o múltiplo desenvolvimento das possibilidades humanas e a criação de uma forma de associação digna da condição humana. O teor central da tese é a apreensão dos elementos – nexos internos e determinações históricas – presentes na legislação, nas diretrizes e na produção do conhecimento sobre Formação de Professores de Educação Física que permitem reconhecer avanços e retrocessos, bem como as tendências predominantes, resultantes do embate entre os interesses expressos pelos governantes e seus formuladores e os organismos da sociedade que defendem a Formação do Professor na perspectiva Emancipatória. Os objetivos do estudo foram materializados a partir da análise de dados de três fontes a saber: a) a literatura, para compreender o reordenamento das relações capitalistas de produção para recompor taxas de lucro e destruir as forças produtivas; b) os documentos oficiais das políticas do governo para educação e o ordenamento legal frente aos reajustes estruturais e as reformas do Estado; c) a produção do conhecimento e as propostas de diretrizes curriculares para a formação de professores de Educação Física, reconhecendo tendências da área e suas implicações. A análise da literatura permitiu compreender que a Educação Física & Esporte não estão eximidas destas relações.Identifica-se, na produção do conhecimento, na formação acadêmica, na intervenção nas escolas, na mass media e nas políticas públicas os impactos, nexos e determinações do movimento geral 
de ordenamento das relações capitalistas. Concluem-se que os limites da área situam-se: na produção do conhecimento sobre o tema que é ainda incipiente, a-crítica, a-histórica e não vem privilegiando abordagens que contextualizem a formação e a relacionem com as políticas públicas; nas propostas de formação acadêmica que, ao longo da história, estão limitadas a concepções curriculares extremamente questionáveis sob o ponto de vista dos avanços científicos e tecnológicos, éticos, morais e políticos hoje disponíveis e relacionados com o horizonte histórico de superação do capitalismo; na lógica do mercado com todas as suas conseqüências e a adaptação a um paradigma científico-tecnológico destruidor e concentrador de renda que vem orientando, predominantemente, as reformulações na formação do professor; na intervenção profissional em diversos âmbitos de trabalho, principalmente nas escolas, pautadas em uma única perspectiva da cultura corporal - a esportivização, em detrimento de outras; na mídia, com o seu pragmatismo, imediatismo e superficialidade que vem impactando a formação e os currículos, enfatizando as dimensões da espetacularização e da banalização dos acontecimentos humanos e sociais, contribuindo para a fetichização das relações; nas políticas públicas, orientadas por uma concepção de Estado, que se quer mínimo nas políticas sociais, na socialização do poder político, no controle dos meios de produção e na distribuição de bens socialmente produzidos e, máximo no controle da economia, no controle ideológico da cultura e da educação. Estas políticas são orientadas, hegemonicamente, pelas formulações de agências estrangeiras como o Banco Mundial, FMI e OMC. Como avanços na área reconhece-se: o campo dos confrontos e conflitos, ou seja, o embate entre as orientações das políticas educacionais que buscam o enquadramento da Educação no Brasil aos ajustes estruturais e as reformas do Estado; as intervenções e a produção do conhecimento pautadas pela crítica à realidade, na contextualização histórica; a construção de sujeitos políticos e a construção de proposições coletivas com base nas reivindicações da maioria 
 
 

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