“A gente aprende luta é na rua mesmo”: problematizando as lutas comunitárias sob a perspectiva infantil
Por Maycon Ornelas Almeida (Autor), Flávia Martinelli Ferreira (Autor), Mayrhon José Abrantes Farias (Autor).
Resumo
Analisar aspectos relacionados às lutas presentes em narrativas e desenhos de crianças de uma escola pública de ensino fundamental, em um contexto periférico na cidade de São Luís do Maranhão. Metodologia: a pesquisa possui natureza qualitativa, de inspiração etnográfica e analisou três episódios e três desenhos, que apresentam compreensões de luta das crianças produzidas no cotidiano dentro e fora da escola. Resultados e discussão: os registros de campo permitiram observar que as crianças constroem significados comunitários de luta recorrendo à imaginação e, sobretudo, por meio da interação entre pares, brincando, jogando e se reportando a compreensões muitos particulares de lutas institucionalizadas, como o do jiu-jitsu; a relação mídias e lutas enquanto espetáculo, presentes em programas de TV, desenhos animados e/ou filmes; além de elementos das lutas inseridas em manifestações esportivas, como o futebol. Considerações Finais: entendemos que as lutas, enquanto objeto do conhecimento nas aulas de Educação Física escolar, podem ser utilizadas como tempo-espaço de encontro com o ponto de vista dos sujeitos, além de importantes ferramentas de (re)conhecimento dos saberes locais, produzindo e fortalecendo vínculos comunitários.
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