A “Guerra Dos Métodos”: As Disputas Entre Georges Hébert E Joinville-Le-Pont E Sua Interface No Brasil

A França do início do século XX vivenciou o surgimento de vários métodos ginásticos. Ao invés de buscarem uma uniformidade entre si para estruturar um método nacional, a exemplo do que ocorria com seus países vizinhos, como a Suécia e a Alemanha, passaram a concorrer entre si, ocasionando enfrentamentos. No clima vivenciado pela França na tentativa de definir uma identidade para a Educação Física, tal episódio ficou conhecido entre os pesquisadores franceses como a “guerra dos métodos” (SAINT-MARTIN, 2005). Nesse contexto, dois personagens se destacaram. O primeiro deles é a École de Joinville-le-Pont, a mais antiga escola de Educação Física do país que, em virtude do surgimento de vários métodos na França, passou a ser questionada sobre a tutela militar diante dos exercícios físicos, vendo o seu prestígio na área ameaçado (TERRET; SAINT-MARTIN, 2015). Do outro lado estava o segundo personagem, o militar da Marinha Francesa Georges Hébert que, ao criar o Método Natural, alcançava cada vez mais projeção e reconhecimento. Sujeito e instituição passaram a se acusar mutuamente de terem tido suas ideias roubadas e apropriadas um pelo outro. Isso possibilita-nos perceber as peculiaridades que marcaram o contexto francês, mas que também almejava encerrar a guerra dos métodos e a definir um modelo nacionalmente reconhecido. Do outro lado do Atlântico, os métodos de ginástica franceses chegavam no Brasil e eram apropriados por autores e intelectuais que os utilizavam como base na sistematização da Educação Física no nosso país. Nesse sentido, esse trabalho tem o interesse em compreender a recepção dos modelos franceses e suas implicações para a sociedade brasileira. Por isso, questionamo-nos: Como se desenvolveu a guerra dos métodos entre Hébert e Joinville na França? Como essa disputa é recebida e percebida no Brasil? Portanto, o estudo tem por objetivo analisar a disputa entre Georges Hébert e a École de Joinville-le-Pont na busca por reconhecimento e legitimidade na França, e identificar as interfaces dessa relação no Brasil em periódicos nacionais.

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