A gymnastica que ele viu na Europa: “o ensino público primário em Portugal, Espanha, França e Bélgica” – o relatório de Luiz Augusto dos Reis à inspetoria geral de instrução pública da capital federal (1892)

Em continuidade a pesquisas sobre a inserção da Gymnastica em programas escolares, apresento investigação em andamento sobre o relatório de viagem à Europa realizada em 1891 pelo professor Luiz Augusto dos Reis: “O ensino publico primario em Portugal, Hespanha, França e Belgica: escolas primarias elementares e superiores, maternaes, profissionaes, normaes, asylos e jardins infantis, museus pedagogicos, etc”, entregue à Inspectoria Geral de Instrucção Publica da Capital Federal em 30 de outubro de 1891, publicado pela Imprensa Official do Rio de Janeiro.1 Produzido na transição MonarquiaRepública, o documento indicia desejos de republicanos de criar expectativas em relação às suas iniciativas na educação pública. Aqui, o interesse se dirige aos registros sobre a Gymnastica que ele viu na Europa, expandindo a compreensão sobre sua inserção em programas escolares brasileiros. Para republicanos, Europa e Estados Unidos eram miragem estética: lá estariam os avanços pedagógicos que deveriam ser trazidos ao Brasil, para sustentar o ‘novo tempo’ que diziam inaugurar. Menos de um ano após a Proclamação, em 28 de outubro de 1890, o Ministro da Instrução Benjamin Constant designou a primeira comissão de professores para viagem pedagógica a países europeus e aos EUA, composta pelos professores primários Luiz Augusto dos Reis, Manoel José Pereira Frazão e Amélia Fernandes da Costa. Em cada país, visitar escolas, conversar com autoridades e professores, ver de perto planos arquitetônicos de seus edifícios; recolher regulamentos, programas e métodos de ensino, livros, manuais e materiais; assistir à aulas das disciplinas – imersão em experiências educativas do civilizado continente: tudo ver, ouvir e relatar: de tudo produzir relatórios descritivos a ser aproveitados como referências para fazer expandir no Brasil o ideal republicano da qual a educação seria mola-mestra. O que viram, ouviram e relataram seria modelo para um País em que dizia-se tudo estava para ser feito.