Resumo

De acordo com o informe publicitario apresentado na revista Veja em 2005
intitulado Bem estar para Todos, O IDH (índice de desenvolvimento humano)
no Brasil é alto, sendo quase comparado ao de países desenvolvidos. Há
segurança, educação, diversão, emprego; existe infra-estrutura que oportuniza
a prática de atividades em praças, quadras, clubes, shoppings, sendo que tudo
isso reflete em qualidade de vida para todos. Provocados por essas informações,
o presente estudo traz algumas reflexões sobre a veracidade desses dados ou
se os mesmos se apresentam como artimanhas ideológicas. Assim, o objetivo
foi refletir sobre o bem-estar e a qualidade de vida no processo social de
manipulação e alienação do povo a partir do entendimento das relações
estabelecidas pelo mundo do trabalho e sua centralidade e também do lazer. A
metodologia adotada se pautou na linha teórica materialista histórica, e na análise
do informe publicitário relacionado ao bem-estar para todos veiculado na revista,
em leituras de textos marxistas e nas reflexões e discussões de alguns referenciais
teóricos matriciais relacionados ao lazer e trabalho. Como resultados,
percebemos que o informe publicitário tem a função de reforçar a manutenção
da ordem social e do entendimento de lazer enquanto funcionalista, de acordo
com Valquíria PADILHA (2003). Vê-se que o informe tenta veicular somente
aspectos positivos, de que o bem-estar é para todos, quando na realidade, a
grande maioria da população não tem acesso a esses benefícios em virtude da
alienação produzida pela modo de produção capitalista. Por outro lado, caso
não haja meios de enquadrar a população dentro de um sentimento ilusório de
bem-estar e lazer voltado aos interesses hegemônicos, a classe trabalhadora,
segundo Mauricio Roberto da SILVA (2003) constrói nas periferias das cidades
e nos campos, formas e conteúdos para a manifestação de uma cultura
genuinamente lúdica e popular, independente das ingerências do Estado. Em
última análise, o bem-estar e qualidade de vida não se resume no lazer, e, por
isso deve-se buscar a transformação das relações estabelecidas, a fim de dar
condições iguais às pessoas, para que os dados existentes sejam de fato realidade,
e no caso do lazer, que este não seja apenas um meio de introduzir o sujeito
nos modelos socialmente dominantes da sociedade, ou nos esquemas
funcionalistas e compensatórios do mundo do trabalho, mas que se apresente
como aspecto contrário a lógica do capital.

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