Resumo

O músculo esquelético é reconhecido como um “órgão secretor” e libera miocinas em resposta à contração. Uma dessas moléculas, a interleucina 10 (IL-10), é reconhecida por mediar o efeito anti-inflamatório induzido pelo exercício físico. Embora roedores com deleção global da IL-10 apresentaram redução da força muscular, os mecanismos moleculares responsáveis por esse comportamento não estão totalmente elucidados. Uma possível hipótese seria o aumento de genes relacionados à atrofia do músculo esquelético nos animais nocaute (KO) para IL-10. Além disso, a redução do conteúdo proteico da Rev-erbα, um supressor transcricional envolvido no ritmo circadiano, também está associada com o aumento dos genes de atrofia e redução da massa do músculo esquelético. Objetivo: Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi comparar os níveis de RNAm e conteúdo proteico de marcadores de atrofia e da via da Rev-erbα, entre camundongos selvagens (WT) e KO para IL-10 em repouso e após um estímulo fisiológico (sessão aguda de exercício físico). Métodos: Os camundongos WT e IL-10 KO foram divididos em dois subgrupos (Controle e Exercício). Inicialmente, todos animais foram submetidos aos testes de carga incremental, força de preensão e rotarod. Após uma semana de intervalo, os animais do grupo exercício realizaram uma sessão aguda de corrida até a exaustão. Após 2h do final do protocolo de corrida, o músculo gastrocnêmio foi removido e preparado para a técnica de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase quantitativa (RT-q-PCR) e immunoblotting. As comparações entre dois grupos foram realizadas pelo teste t de Student para amostras não pareadas. As comparações entre quatro grupos foram realizadas pela ANOVA two-way, seguida pelo post hoc de Bonferroni, quando necessário. Resultados: Comparado ao WT, o grupo IL-10 KO apresentou menor peso corporal, força de preensão, e conteúdo proteico de BMAL1 na condição basal. Após o protocolo de exercício, o grupo IL-10 KO apresentou maiores níveis de RNAm de Trim63 (via de sinalização da atrofia) e menores níveis de Clock e Bmal1 (via de sinalização do Rev-erbα). Conclusão: Este é o primeiro estudo demonstrando a relação entre Rev-erbα e atrofia muscular em camundongos KO de IL-10. Em conclusão, a IL-10 parece ser um determinante na via da atrofia e Rev-erbα após o exercício agudo exaustivo, sem modulação no estado de repouso. Estudos futuros devem analisar diferentes tempos de coleta após o estímulo fisiológico em outros músculos esqueléticos, além da resposta dessas vias após o protocolo de exercício de força, visto que a IL-10 tem forte relação com a força muscular