Resumo

Objetivo:
Nossa contribuição visa à análise comparativa dos filmes Boleiros – era uma vez o futebol... (1998), de Ugo Giorgetti e Linha de passe (2008), de Walter Salles e Daniela Thomas, no intuito de enfocar o modo de tratamento fílmico dado à imagem do futebol no Brasil.

Métodos e resultados:
De modo transdisciplinar, pensamos a relação entre cinema e futebol no Brasil através da análise dos filmes indicados, tomando por base seus elementos estruturantes (narrativa, fábula, personagens, espaço, montagem etc.). Para isso, nos orientamos pelos estudos desenvolvidos por Victor Andrade de Melo e Luiz Zanin Oricchio. A análise demonstrou que Boleiros se estrutura em torno da memória de um grupo de exjogadores, contando seus “causos” à mesa de um bar. Numa sequência de histórias, sempre num jogo entre passado vivenciado e presente da narrativa, evoca-se um sentido tanto nostálgico em relação ao passado quanto crítico em relação aos dramas sociais, preconceitos e mazelas que atingem também os jogadores. Por sua vez, o estudo revelou que Linha de passe tem por eixo espaço-temporal o aqui-eagora de uma megalópole: São Paulo. Num jogo entre centro e periferia, estabelece-se o drama social de uma família. Diferindo de Boleiros, onde as histórias são narradas sequencialmente, em Linha de passe, as histórias de cada um dos quatro filhos de Cleuza são contadas simultaneamente, num processo contínuo de intensa montagem fílmica.

Conclusão:
Enquanto Boleiros se propõe como fábula – era uma vez o futebol... –, Linha de passe se torna uma metáfora do jogo da vida.