Resumo


A relação entre o conhecimento sobre os benefícios da atividade física (AF) e a
adesão à sua prática ainda é controversa, porém essas informações possibilitam o
idoso conhecer-se e instrumentalizar-se para potencializar suas capacidades físicas e
funcionais. O objetivo desta pesquisa foi verificar a importância da aprendizagem
dos benéficos da AF em idosos. A amostra foi composta por 42 sujeitos, com idade
acima de 60 anos, integrantes do Programa Autonomia para Atividade Física. Após
5 meses de ensino sobre os efeitos da atividade física nos sistemas nervoso,
cardiovascular, articular e músculo-esquelético, foi realizada uma entrevista semiestruturada para avaliar a aprendizagem sobre a AF. Os resultados indicam que
aprender sobre os efeitos do estímulo de cada capacidade física (aeróbia, flexibilidade,
resistência muscular) ou neuromotora (equilíbrio, agilidade, tempo de reação e
movimento) favoreceu a atribuição de novos significados à prática da AF vivenciada
pelos idosos antes da participação no programa. A experiência com AF anteriores
realizadas em academias, clubes ou centros esportivos, denominados de movimentos
"automáticos" e realizados aleatoriamente, tiveram seus objetivos compreendidos
quanto à ativação dos sistemas do corpo. Eles questionaram os procedimentos
didáticos pautados apenas no "fazer" AF para manter a saúde em detrimento do
aprender "como" e "porquê" fazer AF. Verifica-se, também, que o conhecimento
sobre os benefícios da AF permitiu ao sujeitos adaptar-se ou transformar o ambiente
de acordo com suas necessidades e aspirações. Por um lado, saber quais as capacidades
físicas estimuladas num jogo de futebol ou numa aula de yoga, por exemplo, levou
à uma reflexão sobre a necessidade ou não de complementação com outras AF para
se atingir as metas pessoais. Por outro lado, aprender como um exercício de
alongamento ativa o sistema músculo-esquelético e contribui para uma atividade da
vida diária possibilitou uma valorização dessa atividade. Parece que o conhecimento
ensinado no programa foi uma possibilidade de contribuir com a autonomia do
idoso ao esclarecê-lo sobre a forma de lidar com o processo de envelhecimento
através da AF. Entretanto, convém ressaltar a necessidade de estudos que aprofundem
as melhores estratégias de ensiná-lo

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