A influência da competição na vida escolar do educando
Por Alda Valéria Macedo Kemmer (Autor).
Em IV EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar
Integra
O seguinte trabalho expõe uma análise da situação do papel da competição no ambiente escolar, envolvendo os componentes que fazem parte do processo educacional, ou seja, os donos de instituições, os diretores, os educadores e os educandos. Através deste, aborda-se as atitudes, as ações, os medos, e perspectivas desses componentes, com o intuito de demonstrar pontos positivos e negativos da competição, seus objetivos e consequências, e principalmente o descaso para com o elemento principal em questão, que são os educandos.
Objetivo do estudo
Este estudo tem por objetivo identificar os pontos positivos e negativos da competição e como eles influenciam no desenvolvimento do educando.
Delimitação do estudo
O enfoque principal deste estudo dar-se-á sobre alunos do sexo masculino de 02(duas) escolas particulares do Rio de Janeiro, matriculados nas 8ª série do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio.
Justificativa do estudo
O presente estudo propõe a discussão das reflexões filosóficas e psicológicas sobre o corpo, o movimento, o esporte, o treinamento, a competição, uma vez que a busca de campeões nas escolas, inibe o desenvolvimento psicomotor dos educandos, conduzindo à uma especialização prematura. Com a cobrança da técnica, os alunos passam a ser encarados como futuros atletas e não como pessoas comuns; a influência tecnicista faz com que o jogo vise resultados de alto nível, sendo os menos habilidosos marginalizados e preteridos em prol dos talentosos.
Relevância do estudo
Com este estudo espera-se contribuir com profissionais que trabalhem com equipes e/ou competições em suas escolas, alertando para as consequências negativas que qualquer forma de competição possa gerar.
Esporte educacional x competição
Para que se possa compreender a competição e o esporte educacional é necessário uma retrospectiva conceitual no próprio fenômeno esportivo, no sentido de registrar os marcos de aspectos essenciais que pouco a pouco foram conduzindo a uma teorização destes.
Assim o 1º registro do esporte moderno é o de Thomaz Arnold, em Rugby(Inglaterra/1828), quando ao codificar os jogos existentes, institucionalizou-os evidenciando toda a função pedagógica naquelas práticas esportivas. Também é importante esclarecer que naquele momento histórico já nascia a perspectiva do rendimento do esporte, base para a formação dos clubes esportivos. À função arnoldina somou-se o ideário olímpico, acrescido à evolução do esporte moderno, pelo idealismo de Pierre de Coubertin no final do século XIX.
Com o olimpismo veio o fair play, que juntamente com o associonismo constituíram-se nos pilares da ética esportiva. Na 1ª metade do século XX, o esporte difundiu-se por toda a América e Europa, até que Hitler em 1936, nos Jogos de Berlim, fez uso político, ao tentar uma publicidade perversa sobre uma possível supremacia ariana diante das demais raças, usando os resultados olímpicos. O paradigma do ideário olímpico no esporte, ao ser desfeito e substituído pelo do uso político do esporte, levou o fenômeno esportivo à uma exacerbação sem precedentes, permitindo a chegada dos ilícitos( doping, subornos, etc...)
No Brasil, o debate sobre o esporte educacional começou em 1985, com o então secretário nacional de Educação Física e Esportes Bruno da Silveira, contando também com o Prof. Dr. Manoel José Gomes Tubino que em 1985 presidia a Comissão de Reformulação do Esporte Brasileiro. As mudanças seriam em torno dos princípios da cooperação, da participação, da co-educação, da co-responsabilidade e da integração, norteando todo o processo inovador de disputas.
A Lei 8672/1993 e o Decreto 981/1993, reforçaram a conceituação de esporte educacional no Brasil, ao pontuar a hipercompetitividade e a alta seletividade como sintomas que invalidam uma prática esportiva educacional.
Princípios: Totalidade a prática esportiva educacional deve fortalecer a unidade do homem consigo, com o outro e com o mundo, tendo como elementos indissociáveis a emoção, a sensação, o pensamento e a intuição. Co-educação o esporte educacional integra situações heterogêneas de sexo, idade, nível sócio-economico, condições físicas, etc... das pessoas envolvidas nas práticas esportivas.
Emancipação busca levar o participante à situações estimulantes de desenvolvimento da independência, autonomia e liberdade.
Participação estão todas as ações que levam os protagonistas do esporte educacional a interferir na realidade através da participação, compromissa os participantes no campo social do esporte pela vivências que essa participação oferece. Cooperação ao registrar situações de individualismo, promove causas conjuntas para a realização de objetivos comuns durante a prática do esporte educacional. regionalismo remete <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 159 0;} @font-face {font-family:"Arial Narrow"; panose-1:2 11 6 6 2 2 2 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 2048 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:6.0pt; margin-left:0cm; text-align:justify; text-indent:22.7pt; line-height:18.0pt; mso-pagination:widow-orphan; mso-layout-grid-align:none; punctuation-wrap:simple; text-autospace:none; font-size:11.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} p.PlainText, li.PlainText, div.PlainText {mso-style-name:"Plain Text"; mso-style-unhide:no; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; mso-layout-grid-align:none; punctuation-wrap:simple; text-autospace:none; font-size:10.0pt; font-family:"Courier New"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:"Times New Roman";} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
O esporte educacional é uma manifestação do esporte que se realiza com ênfase no processo educativo, como forma do homem se entender e se fazer no mundo, podendo ser desenvolvido no âmbito dos sistemas formais de ensino ou fora deles.
Conclusão
Com o presente estudo podemos analisar que a competição é realmente inerente ao homem, isto posto não adianta querermos renegá-la e/ou retirá-la do convívio de nossos alunos, temos sim que repensar os conteúdos e estratégias nas aulas de Educação Física e nos trinos para torneios e intercolegiais.
Se nos preocuparmos em eliminar o individualismo e o egoísmo da prática escolar, estaremos estimulando os processos cooperativos, ajudando assim a tornar nossos alunos seres mais preocupados com o próximo. Frente a este quadro e em busca da Educação Física transformadora, o trabalho do profissional de Educação Física deve ir além da pura e simples transmissões das técnicas do esporte.
Torna-se fundamental que o profissional de Educação Física exerça a função de socializador da cultura erudita e que realmente a aula de educação física se transforme num ambiente onde a riqueza cultural se estabeleça como trampolim para a crítica. É bem verdade que enquanto os planejamentos das disciplinas de caráter prático desportivo estiverem sendo planejadas num padrão de Histórico, Regras, Técnicas e Táticas, enquanto acharem que o esporte escolar precisa ser amenizado apenas no seu rigor dos gestos técnicos, ficaremos estacionados apenas na transmissão das técnicas.
Profissionais realmente preocupados com o desenvolvimento das características humanas, ao invés de tentar eliminar o caráter competitivo dos jogos, deveriam procurar compreende-los e utilizá-los para valorizar as relações.
Creio ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca competir.
Referências bibliográficas
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Freire, João Batista. Educação de corpo inteiro-Teoria e prática da educação física. São Paulo, ed. Scipione, 1994.
Freire, Paulo. Formar professores é um ato político. In: Revista Rodaviva, São Paulo, 1989.
Lima, Teotônio. Alta competição-Desporto de dimensões humanas?, Lisboa-Portugal, Livros Horizontes, 1981.
Oliveira, Vitor Marinho. Fundamentos pedagógicos. Rio de Janeiro. Ao livro técnico, 1987.