Resumo

Pretendeu-se investigar o efeito da manipulação das regras na performance de equipes de Futebol Sub-15 formadas por jogadores de diferentes níveis de desempenho. Participaram no estudo 24 jovens jogadores (13,06±1,53 anos), tendo sido respeitados todos os procedimentos éticos e a legislação vigente. O nível de desempenho dos jogadores foi avaliado através do Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT), permitindo que estes fossem divididos em três grupos: Alto (G1), Intermédio (G2) e Baixo (G3) desempenho. Apenas os grupos G1 e G3 participaram de jogos reduzidos Dedutivos (com manipulação das regras - JDe) e Indutivos (sem a manipulação das regras - JIn), que tinham como objetivo enfatizar o princípio operacional de manutenção da posse de bola. Avaliou-se a performance das equipes através do Sistema de Caracterização da Sequência Ofensiva. A análise estatística dos dados realizou-se através de uma MANOVAs não paramétrica e de múltiplos testes de Mann-Whitney, no programa SPSS 20.0, com o objetivo de identificar as diferenças entre os jogos. Verificou-se que, independente do grupo de jogadores, ambos os jogos (JDe e JIn) enfatizam a manutenção da posse de bola. Os JIn proporcionaram, em ambos os grupos, uma quantidade maior de remates realizados (p<0.001), uma maior intervenção dos jogadores sobre a bola (p<0.001) e uma maior eficácia ofensiva (G1: p<0.001; G3: p=0.002). O G1 apresentou uma maior contribuição individual para a troca de passes (p=0.050) nos JDe, enquanto que nos JIn tendem a marcar mais gols (p=0.006), bem como apresentar um maior ritmo de intervenção sobre a bola (p=0.023) e uma maior eficácia ofensiva (p=0.005). Conclui-se que a manipulação exagerada das regras contribui para um aumento do nível de dificuldade da tarefa e que o nível de desempenho dos jogadores também parece ser um importante constrangimento que necessita ser equacionado no processo de criação de tarefas representativas de aprendizagem.