Resumo
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos proporcionaram indiscutíveis benefícios à sociedade. Os smartphones fazem parte destes avanços e podem ser usados para diversos fins, sem restrição ao tempo e espaço, no entanto, o aumento do uso e da acessibilidade deve ser acompanhado, pois pode acarretar danos à saúde. OBJETIVO: Analisar se o uso de smartphone está associado à comportamentos relacionados à má qualidade do sono, comportamento sedentário, baixo nível de atividade física e baixo desempenho acadêmico de estudantes dos 6 os ao 9os anos, matriculados em escolas estaduais de tempo parcial da cidade de Presidente Prudente, São Paulo. MÉTODO: Para tanto, foram desenvolvidos dois estudos. ESTUDO 1: Construção e validação do instrumento “Smartphone Influence Scale For Adolescentes”(SISA) para identificar a influência do uso de smartphone no comportamento de adolescentes e ESTUDO 2: Associação do uso de smartphone com comportamentos relacionados à saúde dos adolescentes. ESTUDO 1: Participaram 292 estudantes do 6 os a 9 os anos, matriculados na rede pública e particular. São apresentadas análises descritivas para verificar a consistência da amostra e para estimar os fatores de Bartlett e Kaiser-Meyer-Olkin. O teste de comunalidade (h2) foi utilizado para indicar a capacidade explicativa das questões. A rotação oblíqua foi usada na análise fatorial exploratória para estimar os construtos. O teste de Cronbach para estimar a consistência interna da escala, global e por domínio. Para determinar o ponto de corte de classificação do SISA, utilizou-se a curva ROC e seus parâmetros (sensibilidade, especificidade e área sob a curva), comparando os resultados do SISA a outros instrumentos psicológicos. A análise fatorial resultou em 4 fatores: Sintomas Emocionais; Interrupção da Vida Diária; Relações orientadas pela Realidade Virtual e Saúde Física, o de Cronbach foi de 0,91, o que mostrou confiabilidade e validade para uso de smartphones tanto questionário geral como para cada um dos quatro domínios. ESTUDO 2 contou com 1739 estudantes de 6º ao 9º anos de escolas públicas e teve como objetivo avaliar a influência do uso do smartphone no comportamento em adolescentes. O nível de atividade física foi avaliado pelo acelerômetro e aspectos gerais do comportamento foi analisado por: Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh; Pediatric Daytime Sleepiness Scale, Escala de Impulsividade); Inventário de Fobia Social, Escala de Autoestima de Rosenberg e o nível sociodemográfico pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Foram realizadas medidas descritivas, razão de chance (Odds Ratio). RESULTADOS: Os participantes se caracterizam pelo baixo perfil socioeconômico. Estudantes com mais idade apresentaram maior influência pelo uso de smartphone, maior permanência em comportamento sedentário e mais sintomas emocionais. Os participantes sem influência de smartphone se mostraram fisicamente mais ativos e com melhor desempenho acadêmico. Participantes do sexo feminino são mais influenciados pelo uso do smartphone, sendo menos ativo fisicamente, com maior distúrbios de sonolência diurna e mais sintomas de fobia social. CONCLUSÃO: Os resultados mostram que o uso do smartphone influência comportamentos da vida diária relacionados à atividade física e desempenho acadêmico principalmente nas adolescentes do sexo feminino.