A Influência dos Fatocres Psicológicos no Ensino e Aprendizagem de Competências
Por Rui Gomes (Autor).
Parte de Psicologia do Esporte - da Escola a Competição . páginas 213 - 248
Resumo
A importância dos atletas aprenderem e automatizarem as competências motoras envolvidas nas várias modalidades desportivas, constitui um dos principais factores que sustentam a necessidade da existência de programas desportivos devidamente organizados por técnicos com conhecimentos específicos para tal. De facto, a formação destes profissionais em áreas relacionadas com o planeamento da época desportiva, as estratégias mais adequadas para seleccionar e ordenar as competências desportivas e o modo de comunicar com a equipa e efectuar demonstrações acerca do que pretendem ensinar são, no seu conjunto, domínios decisivos para se implementar programas desportivos, não só nos jovens praticantes mas também nos atletas de alta competição. Entramos, assim, no domínio da pedagogia desportiva, que é a ciência e a arte de ensinar competências desportivas (MARTENS, 1990). Como facilmente se perceberá, neste processo estão envolvidos vários conteúdos que devem ser dominados pelos treinadores e que passam, em primeiro lugar, pelos conhecimentos conceptuais e científicos nas ciências do desporto (ex: biomecânica, fisiologia, metodologia do treino, desenvolvimento motor, etc.) e, em segundo lugar, pela consciência acerca da importância dos contributos dados por outras disciplinas directamente envolvidas neste fenómeno (ex: Medicina Desportiva, Pedagogia Desportiva, Sociologia do Desporto, Psicologia do Desporto, etc.).
No entanto, apesar de se defender esta formação multifacetada, são bem conhecidos os casos de responsáveis técnicos que, apesar de evidenciarem excelentes conhecimentos científicos e dominarem teoricamente a modalidade desportiva em causa, não conseguem ensinar e executar de forma correcta as competências que os atletas devem aprender, podendo surgir situações de conflito e crítica destes últimos acerca da discrepância entre aquilo que o treinador diz e a forma como exemplifica as tarefas a levar a cabo. No sentido inverso, também já todos tivemos a oportunidade de observar técnicos que do ponto de vista “prático” são óptimos demonstradores e executantes, mas não conseguem tornar “simples” para os outros aquilo que para eles é extremamente fácil de fazer, evidenciando assim lacunas acerca das fases e etapas envolvidas na aprendizagem motora. Numa terceira situação, também se verificam casos de responsáveis técnicos que, apesar de possuírem bons conhecimentos científicos e de serem bons modelos de execução, falham ou têm dificuldades pelo facto de não apresentarem, por exemplo, competências de relação e comunicação interpessoal para motivarem e “passarem a mensagem” aos atletas. Por isso, como refere Oxendine (1991) o entendimento acerca da eficácia das funções de quem orienta programas desportivos implica observar os conhecimentos adquiridos acerca da modalidade, a forma como utilizam as estratégias e os métodos facilitadoras da aprendizagem e a capacidade de comunicação.