Integra

INTRODUÇÃO:

Atletas de várias modalidades desportivas que utilizam da potência muscular gritam durante a execução do movimento, geralmente no momento de maior força. Este grito é muito utilizado em artes marciais como karate, Shaolin kung-fu e judô. Os atletas de arte marcial usam o grito para promover suas performances aumentando a força e a técnica. Atletas de judô, geralmente no ato de realização das técnicas gritam, este grito é conhecido no esporte como kiai, que literalmente significa "convergência de espírito" que expressa a harmonia entre o corpo e a mente. Alguns autores sugerem de forma empírica a existência do aumento de força na execução de movimentos de explosão muscular combinados com o grito do kiai, completando que este grito torna os músculos abdominais tensos pelo esforço extra e concentra a força para o instante específico da ação de derrubar o adversário. Ainda não foram verificados na literatura estudos sistematizados que comprovem o aumento de força ou do sinal eletromiográfico durante o grito do kiai.


 METODOLOGIA:

Os objetivos deste estudo de caso foram de verificar a produção de força isométrica com e sem o grito do kiai e verificar a ativação elétrica muscular, por meio da eletromiografia (EMG) de superfície em exercícios isométricos com e sem o grito do kiai, em um atleta de judô, com 6 anos de prática da modalidade, escolhido de forma voluntária. Um dinamômetro isométrico crown dorsal e um eletromiógrafo de superfície bipolar, posicionado na musculatura extensora lombar (íleo costal lombar) direito e esquerda, foram utilizados para coletar três movimentos com e três movimentos sem o grito do kiai, sendo coletados simultaneamente a força muscular isométrica e o sinal eletromiográfico gerado pelos extensores da coluna.


 RESULTADOS:

Analisando as respostas de força para todas as contrações isométricas com e sem o grito do kiai pode-se verificar que o menor valor obtido com o grito do kiai foi apenas 2,4% menor que o maior valor obtido pelas contrações com o grito do kiai.

De acordo com os resultados de força obtidos através de contrações isométricas com e sem o grito do kiai é possível observar que as contrações isométricas que foram realizadas com o grito, tiveram maiores respostas de força do que as contrações isométricas sem o grito do kiai.

Os valores RMS obtidos pela EMG, da musculatura extensora lombar esquerda com a utilização do grito do kiai apresentaram a média de 0,83±0,26, enquanto a respostas sem o grito foram de 0,57±0,22. Portanto o sinal EMG obtido com o grito do kiai foi maior. Os valores RMS, da musculatura extensora lombar direita, foram: 1,00±0,39 com o grito e 0,99±0,53 sem o grito, demonstrando uma pequena variação entre os valores RMS para o segmento direito.

Já que o aumento do valor RMS está associado com o recrutamento de novas unidades motoras, sugere-se que o aumento da força verificado durante a execução do gesto com o grito do kiai está relacionado com o recrutamento de novas unidades motoras no grupo muscular extensor lombar esquerdo.


CONCLUSÕES:

Diante dos dados e levando-se em consideração as limitações da pesquisa pode-se concluir que:
Na dinamometria isométrica encontraram-se diferenças entre as contrações voluntárias isométricas máximas com e sem o grito do kiai, sendo que com o grito as respostas foram maiores.

No sinal RMS a única diferença encontrada foram na musculatura extensora lombar esquerda, mostrando que com o grito do kiai o sinal apresentou-se mais forte.

Sugere-se que se realizem estudos com amostras maiores, escolhidas de forma aleatória, e a inclusão de mais grupamentos musculares.