Resumo
A escassez de literatura sobre estímulos intermitentes e desempenhos desportivos e o fenômeno da perda de precisão nos passes, lançamentos e finalizações no futebol brasileiro motivaram a realização desta pesquisa. A amostra do presente trabalho constituiu de 396 atletas de futebol das principais equipes da cidade do Rio de Janeiro com idade variando de 16 a 36 anos. A amostra foi dividida em 3 categorias : juvenil, júnior e profissional, e, em cinco grupos, sendo um de controle (sem esforço) e outros quatro experimentais de 50, 70,100, e 150 flexões. Tal número de flexões de cada grupo foi dividido em séries de 10 flexões `a 1/3 do flexionamento total das pernas, com sobrecarga de um companheiro com peso semelhante e um metrônomo, com intensidade de 22 a 23 repetições por minuto. Os jogadores executaram 30 chutes no pré-teste posicionando-se na marca do pênalti chutando a bola numa meta dividida em 9 partes iguais, das quais foram eliminadas as 3 partes inferiores. Após isto, executaram as flexões voltando a fazer, então 30 chutes no pós-teste. Pôde-se verificar uma melhora no grupo de 50 flexões na categoria juvenil de 16.75% de média e de 12.86% de ganho real e para a categoria júnior os valores encontrados foram de 34.05% de média e de 28.60% de ganho real. Para as categorias profissionais, a melhora significativa, se deu no grupo de 70 flexões com média de ganho de 14.45% e 11.10% real. Acredita-se que a melhora tenha ocorrido em função do aquecimento das flexões. Com as 70 flexões para as categorias juvenil e júnior e 100 flexões para os profissionais, observou-se um decréscimo na precisão do chute a gol, possivelmente em conseqüência do acúmulo de ácido-lático. Na categoria juvenil com 150 flexões, a piora foi de -10.69% de média e de -6,80% de ganho real; na categoria júnior com 150 flexões a piora foi de -10.47% de média e -5.02% de ganho real e na categoria profissionais com 150 flexões a piora foi de média -12.08% e -9.73% de ganho real, demonstrando que 150 flexões nas três categorias é extremamente fatigante. Foram desenvolvidos ainda neste estudo, correlações entre ganho (percentual de acertos) e as avaliações da condição física dos jogadores, que foi considerada muito baixa, sem conseguir-se as fórmulas de regressão para predição do ganho.