Resumo

Esse trabalho aborda importante temática de nossa dissertação de Mestrado defendida em 2013, cuja discussão central contemplava o processo de disseminação do Kung Fu no Brasil a partir da perspectiva dos mestres pioneiros. Questionou-se naquela oportunidade a complexidade do processo de transposição de uma prática marcial atrelada a valores e conceitos tipicamente chineses para uma cultura ocidental, especificamente a brasileira. Partia-se da hipótese de que tal processo teria possivelmente exigido ajustes e ressignificações, tornando a arte marcial praticada no Brasil uma pálida reprodução do Kung Fu praticado na China. No entanto, as ferramentas adotadas pelos mestres pioneiros, imigrantes chineses que transmitiram esta prática inicialmente em fins da década de 1950, fizeram com que transpusessem as dificuldades da adaptação e da língua, e permitiram que, além de transmitirem uma prática marcial, disseminassem ainda aspectos típicos da cultura chinesa em solo brasileiro. Para esta discussão fizemos uso de sociólogos eminentes como Norbert Elias e Pierre Bourdieu, bem como de sinólogos como François Jullien e Anne Cheng, cuja interpretação da cultura chinesa nos ajudou a entender as possíveis dificuldades enfrentadas na imigração de um povo e de uma prática. Portanto, pensar nos problemas deste processo imigratório, nas ferramentas adotadas pelos mestres imigrantes, e as consequências para a disseminação da cultura e da arte marcial chinesa no Brasil são os intentos centrais deste trabalho que ora apresentamos, entendendo de antemão o significativo papel da cultura chinesa no cenário cultural mundial, do Kung Fu no cenário marcial, cultural e esportivo, bem como da discussão dos processos imigratórios para a Sociologia contemporânea.
 

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