Resumo
O objetivo principal do presente trabalho foi avaliar a influência da prática mental na aprendizagem do kippe de corrida na barra-fixa.Participaram como sujeitos 16 estudantes de Educação Física, masculinos, entre 19 e 27 anos, divididos em Grupo de Prática Física e Grupo de Prática Combinada. O procedimento experimental consistiu de: (1) Fase de Familiarização (primeira e segunda sessões) - que constou da projeção de filme e gravuras sobre o kippe e de uma demonstração prática da habilidade; (2) Pré-teste (terceira sessão) - os sujeitos executaram o kippe duas vezes, a fim de verificar o seu desempenho inicial; (3) Fase de Treinamento (da quarta à décima primeira sessão) - foram empregados dois procedimentos diferenciados: o Grupo de Prática Física treinou fisicamente o kippe de corrida e foi submetido a um período de relaxamento nos três minutos iniciais e finais de cada sessão; o Grupo de Prática Combinada treinou o kippe nos mesmos moldes do Grupo de Prática Física; todavia, os três minutos iniciais e os três finais foram dedicados à prática mental; (4) Pós-teste (décima segunda sessão) - os sujeitos executaram o kippe duas vezes a fim de verificar o seu desempenho após o treinamento; (5) Reteste (décima terceira sessão) - após duas semanas sem nenhum tipo de prática, os sujeitos executaram o kippe duas vezes a fim de verificar o grau de retenção da habilidade aprendida; (6) Entrevistas - alguns dias após o reteste o autor realizou entrevistas com os sujeitos do Grupo de Prática Combinada a fim de avaliar o procedimento de prática mental.Todas as execuções no pré, pós e reteste foram filmadas e, posteriormente, avaliadas por três juízes. Dois tipos de avaliação foram efetuadas: 1ª) avaliação analítica que constou da observação de 10 itens em que a habilidade foi previamente dividida e, 2ª) avaliação global, na qual os juízes julgaram o desempenho dos sujeitos de modo global, através de uma escala de 5 pontos. Dois tipos de comparações foram feitas: (1) intragrupos a fim de verificar o desempenho dos sujeitos em cada grupo, entre o pré, pós e reteste e, (2) intergrupos (Grupo de Prática Física versus Grupo de Prática Combinada), comparando o desempenho dos sujeitos do Grupo de Prática Física com o dos sujeitos do Grupo de Prática Combinada, no pré, pós e reteste.Os resultados das comparações intragrupos indicaram que o desempenho do Grupo de Prática Física manteve-se inalterado nas três situações (pré, pós e reteste), em ambas as avaliações, analítica e global. O Grupo de Prática Combinada melhorou acentuadamente, muito embora a diferença tenha atingido o nível de significância somente na avaliação global.No tocante às comparações intergrupos, observou-se no pré-teste que os dois grupos ao iniciarem o presente trabalho eram equivalentes no que se refere ao desempenho na habilidade do kippe. No pós-teste verificou-se que o Grupo de Prática combinada foi sempre superior ao Grupo de Prática Física, em todas as análises feitas. Todavia, ainda que acentuadas, essas diferenças não se revelaram estatisticamente significantes. Ao se comparar os dois grupos no reteste, verificou-se a rejeição da hipótese nula em ambas as avaliações (analítica e global), ou seja, o Grupo de Prática Combinada desempenhou significativamente melhor que o Grupo de Prática Física no reteste.Ao analisar os dados das entrevistas, verificou-se que os sujeitos do Grupo de Prática Combinada foram unânimes em afirmar que a prática mental auxiliou a aprendizagem do kippe.Os resultados foram discutidos em função da familiaridade e complexidade da habilidade a ser aprendida.