Resumo
Introdução: O salto vertical (SV) é um teste amplamente utilizado para estimar a potência de membros inferiores objetivando avaliar e monitorar programas de treinamento. No entanto, quando realizado partindo de diferentes ângulos de flexão de joelho pode gerar diferentes desempenhos e modificar aspectos ligados à produção de força. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar o desempenho, a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos dos membros inferiores, os parâmetros cinéticos e cinemáticos durante os saltos verticais CMJ e SJ realizados a partir de diferentes profundidades de agachamento. Método: Participaram do estudo 22 (23,5 ± 3,58 anos; 82,38 ± 9,83 kg; 185,5 ± 6,31 cm; 13,79 ± 3,31 % de gordura) praticantes de voleibol ou basquetebol. Os participantes realizaram três saltos em cada situação testada. No CMJ testaram-se as seguintes posições: 1) posição preferida - PREF; 2) ângulo de flexão do joelho <90º e; 3) ângulo de flexão do joelho >90°, enquanto que no SJ realizaram-se: 1) posição preferida - PREF e com ângulo do joelho em 2) 70º; 3) 90º; e 4) 110° de flexão. Os SV foram realizados sobre uma plataforma de força (Kistler Quatro Jump), ao mesmo tempo em que foi filmado o movimento (Canon ELPH 500) e monitorado a atividade EMG (Miotec) dos músculos vasto lateral (VL), reto femoral (RF) e bíceps femoral (BF). Foram analisadas as seguintes variáveis: altura do salto, potência média (PM) e pico (PP), força máxima (FMAX) absoluta e normalizada pela massa corporal, taxa de desenvolvimento de força (TDF), deslocamento angular do quadril (DAQUA), joelho (DAJOE) e tornozelo (DATOR), pico de velocidade do centro de massa (PV), velocidade angular do quadril (VAQUA), joelho (VAJOE) e tornozelo (VATOR), ativação EMG (%RMS) dos músculos VL, RF e BF na fase excêntrica e concêntrica do CMJ e concêntrica do SJ. Para comparar as variáveis entre as posições, foi utilizado ANOVA para medidas repetidas, com teste post-hoc de Bonferroni. Para verificar quais variáveis poderiam explicar o desempenho em cada situação de salto foi utilizada a regressão linear múltipla, com o método stepwise. Adotou-se um nível de significância de p≤0,05. Resultados: A altura do salto aumentou com o aumento da profundidade do agachamento em ambos os saltos CMJ e SJ. Quanto às variáveis cinéticas, em ambos os
tipos de saltos (CMJ e SJ), a PM, PP, FMAX absoluta e normalizada apresentam os maiores valores nos saltos realizados nas menores profundidades de agachamento. Para a TDF, no CMJ não houve diferença entre as situações, já no SJ os maiores valores foram observados nos saltos realizados na posição 110°. Os maiores DAQUA e DAJOE foram observados nos saltos realizados nas maiores profundidades de agachamento no CMJ e no SJ. O PV foi maior nos saltos realizados nos menores ângulos de flexão de joelho, tanto no CMJ quanto no SJ. No CMJ a VAQUA apresentou os menores valores nos saltos realizados na posição >90°, a VAJOE apresentou os maiores valores na posição PREF. No SJ apenas a VATOR foi maior na posição PREF comparado a posição 70°. Quanto à atividade EMG, os valores RMS do VL foram maiores na posição >90°, em ambas as fases concêntrica e excêntrica do CMJ. Para o RF não foi observada diferença. O BF na posição <90° apresentou os menores valores comparado as posições PREF e >90° durante a fase excêntrica. No SJ os valores RMS dos músculos VL e RF não mostraram diferença, o músculo BF apresentou menor ativação na posição 70° comparado a posição 90°. A análise de regressão mostrou que o PV é a variável que mais explica a variação no desempenho, independente da posição adotada e do tipo de salto. Conclusão: O desempenho no SV é influenciado pelo nível de flexão do joelho, sendo que, o melhor desempenho é obtido quando saltos são realizados numa maior profundidade de agachamento em ambos os tipos de salto. As variáveis cinéticas apresentaram maiores valores quando os saltos foram realizados a partir de uma menor profundidade de agachamento, situação esta em que foram verificadas as menores alturas. Os saltos realizados nas maiores profundidades de agachamento apresentaram maiores valores de deslocamento angular. As maiores profundidades de agachamento apresentam as maiores velocidades angulares. Apenas os músculos vasto lateral e bíceps femoral sofrem influencia das diferentes posições. Em relação à regressão linear, o pico de velocidade instante de impulsão parece ser a variável que mais está explicando o desempenho, tanto no CMJ quanto no SJ.