A Influência da Síndrome da Má-adaptação Ao Trabalho em Turnos na Ocorrência dos Acidentes do Trabalho: Um Estudo de Caso
Por André Luís Pavan (Autor).
Em Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano v. 3, n 1, 2001. Da página 110 a -
Resumo
O sistema de trabalho em turnos e noturno traz prejuízo para a saúde do trabalhador nos aspectos físico, psíquico e social. Por não proporcionar uma condição favorável à adaptação humana pelas horas irregulares, pode influenciar na ocorrência de acidentes do trabalho. O impacto do trabalho em turnos e noturno gera a dessincronização orgânica dos ritmos biológicos, manifestando-se na forma de sintomas agudos (insônia, sonolência excessiva, acidentes do trabalho, etc.) e crônicos (doenças gastrintestinais e cardiovasculares, desordem no sono, etc.). Todos estes sintomas são característicos da Síndrome da Má-Adaptação ao Trabalho em Turno (SMTT). Com este trabalho pretendeu-se verificar a incidência de SMTT em trabalhadores que apresentaram registros de acidentes do trabalho numa empresa do setor cerâmico catarinense e averiguar a sua influência na ocorrência de tais acidentes. Para tal foram realizados levantamento bibliográfico sobre trabalho em turno, mais especificamente SMTT e acidentes do trabalho; levantamento do número de acidentes sofridos pela população pesquisada no período de janeiro de 1987 a agosto de 1999; entrevistas para identificação da presença dos sintomas de SMTT na população que apresentou acidentes do trabalho; tratamento estatístico dos resultados através da aplicação do teste qui-quadrado; e representação dos resultados através de gráficos. Dentre os resultados significativos encontrados estão: 21,43% dos trabalhadores acidentados sofreram mais de 4 acidentes (típico/doença/trajeto). A maior concentração destes trabalhadores tem de 26 a 30 anos (28,57%); dorme menos de 5 horas por dia (14,29%), apresenta problemas de azia e/ou gastrite (32,14%), não tem nenhuma atividade de lazer (64,29%), e apresenta algum tipo de sintoma da SMTT (35,71%). Pôde-se concluir que os trabalhadores não percebem a interferência negativa do trabalho em turnos e noturno no relacionamento social e na saúde. E, independente do número de sintomas que a população investigada apresentou, não foi fator gerador de mais ou menos acidentes.