Resumo

No tempo histórico, os acontecimentos se desencadeiam em uma linha ininterrupta e seu sentido vem principalmente da diferença entre passado e futuro, ou seja, a mudança. É um tempo de facticidade, possui uma tensão temporal entre passado e futuro que concede ao tempo, substância. Apesar do tempo histórico não conhecer um presente duradouro, já que se baseia na mudança, o tempo tem uma direção a seguir e um passado em que se baseia, mesmo que pela alteridade. A administração do tempo, portanto, traz as marcas sociais e culturais da humanidade e também decorre de circunstâncias e construções históricas inegáveis. Só podemos compreender as coisas da realidade, porque elas ocorrem na condição da existência de um tempo. Assim, podemos conjecturar que o tempo administrado também se reproduz no espaço escolar de modo a influenciar as subjetividades das novas gerações. As instituições educacionais contemporâneas, perante as pressões econômicas e produtivas, elevaram a ideia do ofício de aluno, forjando uma identidade para a criança projetada através do seu desempenho, acima de tudo, pela competência, aprovação e sucesso escolar. O ofício de aluno caracteriza-se, quase que exclusivamente, por uma socialização com valorização na competitividade e na autonomia compulsiva, pagando o preço do constrangimento do mundo de coisas e valores da criança que dão lugar ao trabalho escolar para se promover os resultados da aprendizagem, por meio de programas educativos que restringem o espaço-tempo da criança em detrimento do controle adulto (KUHN, 2016).

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