Resumo
O objetivo desta pesquisa foi compreender como se manifestam as culturas infantis, em uma turma do 4º ano na Escola Municipal Nova Esperança, em Oriximiná-PA. Os participantes foram 29 crianças, sendo 16 meninas e 13 meninos, a média de idade era de 09 anos. As crianças da Amazônia carregam na sua história experiências de uma relação com o meio rural, com as matas; com a biodiversidade existente; com os encantados presentes em todos os lugares e que estão representados tanto no imaginário do índio como no do caboclo, e com o ciclo das águas que a cada ano, interfere na rotina dos ribeirinhos e das residências da cidade que ficam próximas as margens dos rios. Esse ambiente em particular, faz parte do contexto no qual as crianças da escola Nova Esperança estão inseridas. Assim, os “eus” profissionais e pessoais me instigaram a observar a heterogeneidade de vivências partilhadas pelas crianças nessa escola na Amazônia, imersa em uma região coberta por um imenso verde, “rodeada” de água doce, que permitiram ao homem amazônida ao longo dos anos, desenvolver estratégias de sobrevivência para viver e ocupar esse espaço numa relação direta com seu ambiente. É uma pesquisa qualitativa, na qual busquei, por meio da observação participante, registro fotográfico e entrevista em grupo, compreender a questão proposta pela pesquisa. Os resultados apontaram que as culturas infantis se fazem presentes na escola, porém são visíveis pelas crianças e seus pares e invisíveis pelos adultos presentes na escola, em virtude da valorização de uma cultura legitima em detrimento aos conhecimentos produzidos pelas crianças, ilegítimos. Entretanto, as crianças rompem com os padrões estabelecidos e por meio do jogo simbólico metamorfoseiam a realidade e criam um mundo paralelo no qual emergem as suas culturas infantis. Resistem à invisibilidade de suas culturas, e assim ressignificam os espaços que não foram projetados para elas, mas que tornaram os seus lugares. Nas relações entre os pares dão visibilidade as suas culturas infantis, tem autonomia e liberdade na escolha e organização das suas brincadeiras mesmo com as práticas repressivas dos professores.