Resumo

O que se sabe acerca das leituras femininas no Brasil da segunda metade do século XIX? Uma geografia dessas leituras só tem sentido quando relacionada à comunidade de leitores e leitoras que ora se analisa, utilizando-se como fonte de dados as suas marcas nos jornais e nos textos literários. Enfatiza-se a rede de interdependências sociais que se estabelece entre as leitoras, os escritores e os editores do século XIX, buscando referências teórico-metodológicas em autores como Roger Chartier, Michel de Certeau e Norbert Elias. Entre as constatações, evidenciam-se que: as representações do livro como companheiro da mulher são uma constante nos romances analisados; as indicações de leitura que preconizam a moral e os bons costumes e, em contrapartida, as leituras de romances, considerados proibidos, que elas faziam, revelam não só as práticas de leituras femininas, mas também as táticas a que essas mulheres recorriam em busca de um espaço de leitura. Palavras-chave: Leitura, literatura, público feminino, romance no séc. XIX