Resumo

Este ensaio é uma tentativa de redescrever e analisar o processo de construção das representações sociais em relação à inclusão e ascensão dos jogadores negros e mestiços no futebol brasileiro. A noção de habitus de Bourdieu é utilizada inicialmente para tentar compreender o processo de reprodução das representações sociais sobre o racismo, a partir da linguagem da mídia. Há, no entanto, necessidade dos conceitos de Abric, Coulon e Jodelet para fundamentar a análise. Conclui-se que a representação social sobre o racismo no futebol brasileiro sofreu transformações, sobretudo no sistema periférico, desde o início do século; entretanto, elementos do núcleo central anterior ainda estão presentes e se manifestam a partir do momento em que se comparam as críticas que se fazem aos jogadores brancos e as que se fazem aos negros e mestiços. As críticas dirigidas aos brancos focalizam principalmente o atleta, enquanto as que se dirigem aos negros e mestiços focalizam o indivíduo, no sentido de diminuí-lo como pessoa, ou seja, são críticas étnicas.

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