Resumo

Esta pesquisa apresenta três pontos fundamentais: em primeiro lugar uma análise da lógica interna da Ginástica Artística Masculina (GAM), do ponto de vista da Praxiología Motriz; em segundo, uma descrição da dinâmica de funcionamento de um Ginásio de treinamento de alto rendimento e por último, uma análise transversal que pretende mostrar tanto o grau de congruência entre as características mais significativas da lógica interna quanto a cultura de treinamento da GAM que envolvem a preparação de ginastas de elite. A análise da lógica interna consistiu num estudo teórico realizado fundamentalmente com base na análise de conteúdo do regulamento, neste caso o Código de Pontuação editado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG). A análise da cultura de treinamento do Ginásio consistiu num estudo de campo de caráter etnográfico, com uma duração de um ano e meio, realizado na sala de GAM do Centro de Alto Rendimento (CAR) de Sant Cugat del Vallès (Barcelona). Como resultado, esta tese expõe algumas das características mais relevantes de cada um dos seis aparelhos da GAM, concluindo que se trata de uma modalidade na qual prevalece o domínio do corpo nos diferentes espaços de prática; um esporte onde emergem ações motoras estereotipadas, preferentemente acrobáticas, expressadas através de exercícios compostos de acordo com os critérios que o sistema de pontuação estabelece, e que devem ser executados com um alto grau de precisão, seguindo os modelos técnicos que não só determinam o regulamento como também atendem às expectativas estéticas típicas da cultura ginástica. A respeito do Ginásio, descrevemos as características mais reveladoras da dinâmica de treinamento, concentrando a atenção no mundo social (participantes, hierarquia de mandos, estrutura social), nas condições espaço-temporais da preparação ginástica, nos materiais utilizados no treinamento, nas fases mais importantes da carreira esportiva do ginasta, além do simbolismo que envolve esta atividade e que define o Ginásio como uma microcultura ginástica. Em nível transversal, constatamos que a cultura de treinamento não somente é congruente com as exigências da lógica interna mas também reforça os valores que definem a prática deste esporte, potencializando a tradição de uma cultura ginástica secular que ostenta a hegemonia de um adestramento rígido, marcial, disciplinado, “fechado” e impositivo.
 

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