A Luta Histórica Contra o Racismo e Seus Limites

Parte de Racismo e Esporte no Brasil: Um Panorama Crítico e Propositivo . páginas 294

Resumo

Uma banana é jogada em campo. Gritos de macaco ecoam por todos os lados. Não há compaixão. Os gritos buscam e atingem o jogador negro que, com a bola nos pés avança para o campo adversário. Percebe-se, em seguida, o frenesi da torcida. O negro caiu. Ele, mais uma vez, alvo de tantos ataques, não resiste. Com o corpo e mente violentados, cansados e, acima de tudo, sem a chance de defesa, resolve gritar basta. Não é ouvido. Na verdade, suas dores são desprezadas e entendidas como vitimização. Em campo, o preto deveria saber, vale tudo. Para os que gritaram, homens e mulheres interpretadas como pessoas do bem, tudo não passou de uma brincadeira para desestabilizar o jogador adversário. Para ele, sujeito que sente a dor, resta pouco a fazer. Em geral, força reestruturar-se e seguir. É o que se faz, diante da necessidade de se manter inserido no campo esportivo e, sobretudo, diante do limitado posicionamento e das ações que as instituições esportivas desenvolvem sobre o tema. Doravante, a cena se repete, de novo...e de novo...e de novo.