Resumo

Introdução: as grandes competições esportivas trazem consigo a ideia do espetáculo esportivo e, junto disso, o atleta como uma figura de idolo. Mas esse ídolo, esse herói não performa sozinho, ele está sempre acompanhado de tecnologias, como equipamentos, fármacos, conhecimentos científicos e das influências de grandes empresas e da mídia. Através dos conhecimentos científicos e discursos proferidos pelas empresas e pela mídia, o atleta passa a ter uma representação ideológica, sendo atravessado em sua subjetividade (entendidas como um complexo identitário e a materialidade corporal). Objetivo: analisar se os discursos proferidos pela mídia atribuem a melhora do desempenho e a quebra de recordes aos nadadores ao a tecnologia usada por eles. Método: foi realizada uma pesquisa documental com a análise de conteúdo baseada em Bardin, que possui três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. Foi utilizada a ferramenta Google, pesquisando-se como palavras-chave tecnologia e natação em conjunto, encontrando-se 201 matérias. Links de sites de venda, páginas indisponíveis e canais que não especificavam tecnologias na natação foram descartadas da pesquisa, resultando em 44 documentos para análise. Resultado: notou-se que as matérias traziam muitas vezes opiniões divergentes em si mesmas, portanto, optou-se por não categorizá-las, mas sim, utilizar passagens desses documentos que opinavam acerca do objetivo norteador. Ora as tecnologias eram postas como necessárias, indispensáveis, fundamentais e obrigatórias (como por exemplo "cada vez mais os nadadores dependem de parafemália eletrônica") e ora como ferramenta auxiliar (como por exemplo "ele não transformará eu ou você em um grande atleta"). Observa-se então que todas as matérias agregavam valor e potencialidade à tecnologia e que enquanto que alguns discursos colocaram o atleta como protagonista, outros o viam como o manequim que vai promover a nova tecnologia. Isso desvaloriza não só o trabalho do atleta, mas de toda a equipe de profissionais que trabalhou com esse sujeito. Cabe pensar como tais discursos atravessam o atleta, em que lugar ele é posto quando utiliza um traje. Conclusão: a partir dos resultados percebe-se que o protagonismo dos atletas são por vezes minimizados em detrimento do desenvolvimento tecnológico. O discurso midiático tem o potencial de fomentar ainda mais essa discussão e, mais do que isso, a própria visão de mundo das pessoas envolvidas com o esporte. 

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