A Mulher no Cárcere e a Atividade Física: Um Olhar Sócio-cultural
Por Clara Maria Silvestre Monteiro de Freitas (Autor), Maria das Dores Ribeiro de Souza (Autor), Maria Bernadete Leal Campos (Autor), Carmen Freyre Magalhães Melo (Autor), Ana Carolina Carneiro Leão (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Pensar no presidiário enquanto ser que possui direitos é uma tarefa difícil, pois a
sociedade "moderna", ainda traz consigo características discriminatórias e
preconceituosas, ao reproduzir as desigualdades entre pobres e ricos, brancos e
negros, mulheres e homens, além do preconceito para com os indivíduos que se
encontram no regime carcerário ou que já são egressos, ocasionando a exclusão
social. O tratamento penitenciário que seria responsável em última instância pelo
processo de ressocialização sofre restrições de ordem ideológica e financeira. As
penitenciárias pelo país afora estão super lotadas, falta higiene e trabalho, sobra
violência e desrespeito aos direitos humanos e aos direitos do preso. A partir da
análise da mulher, de seu contexto histórico social, dos seus aspectos psicológicos e
legais, procura-se fazer uma relação entre os benefícios da atividade física e sua
contribuição para uma melhor qualidade de vida e bem-estar, resgatando a cidadania,
possibilitando a inclusão na sociedade e conseqüentemente no mercado de trabalho.
Trata-se de uma pesquisa descritiva de campo, que explora aspectos qualitativos e
quantitativos. O trabalho de investigação foi realizado na Cidade do Recife -
Pernambuco- Brasil com detentas da Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Os dados
foram coletados através de uma entrevista semi-estruturada, com uma amostra
estratificada aleatória de trinta e cinco atores sociais. Os dados apontaram que parcela
significativa das detentas apresenta idade entre os 19 e 39 anos, demonstrando que
iniciam no mundo do crime numa fase produtiva da vida, 65,0% apresentaram-se
como fumantes, fato que somado à falta de atividade física acarreta na incidência de
várias doenças crônico-degenerativas, como diabetes e hipertensão arterial, 65,7%
sentem bem-estar ao praticar atividade física, confirmando os benefícios que a mesma
possibilita. Das atividades praticadas antes da prisão, (28,6%) passaram pela Educação
Física Escolar, além disso, apresentaram preferência pela ginástica, seguida da dança
e dos jogos esportivos. Este trabalho procurou trazer à tona um sistema penal
antiquado, que impossibilita a recuperação do indivíduo e sua reeducação, não
oferecendo qualidade de vida uma vez que o ambiente carcerário traz consigo solidão
e revolta, como também, doenças causadas pelo tabagismo e sedentarismo. Contudo
pode-se minimizar estes efeitos sob a perspectiva do acesso a prática da atividade
física na busca de um estilo de vida saudável.