Resumo
Este trabalho busca compreender as relações do futebol com a sociedade brasileira durante anos 30 e 40. Trata-se de uma época de transição neste esporte, com a sedimentação de uma organização profissional. Ao mesmo tempo, percebe-se, nesse período, a preocupação efetiva do Estado brasileiro em produzir a normatização dos esportes. Isto posto, partiu-se para analisar o futebol na cidade de São Paulo, desvelando as relações que foram sendo estabelecidas entre espaço urbano e futebol. De um lado, o futebol enquanto um esporte/espetáculo contribuindo para adaptar a população da cidade para a nova velocidade, característica de um espaço urbano; por outro, esse espaço urbano, em função das suas transformações rápidas e caóticas, modificando a prática do futebol. Enfim, mostra-se o futebol enquanto o esporte da metrópole. Nesse sentido, houve uma atenção especial em olhar para a construção do Estádio do Pacaembu, analisando-a enquanto uma obra que sintetiza a experiência do futebol em São Paulo, com a sua condição de monumento. Do espaço regional caminhou-se para a dimensão nacional, com o objetivo de compreender como o futebol no Brasil tornou-se uma referência, como parte de um projeto que pretendia “construir a nação”. Dessa forma, trabalhou-se com o processo de organização e disciplinarização do futebol, e também com os discursos e as práticas que se avolumaram a partir dos anos 20, no sentido de ver no corpo, disciplinado e adaptado ao trabalho e à guerra, o caminho para o “melhoramento da raça” entre os brasileiros. Para dimensionar esse processo de “construção da nação”, analisou-se a participação brasileira na Copa de 1938, disputada na França, momento que fez com que os destinos da nação fossem postos tanto nos pés de um time de futebol, como nas mãos de cada brasileiro.