Resumo

Devemos a Ortega y Gasset explicações e interpretações notáveis. Quem não leu devia ler, por exemplo, a ‘Missão da Universidade’; ficará encantado com a atribuição de fins ao ensino superior e lamentará a involução em curso. Não menos fascinante é a tese da origem desportiva do Estado, assente não em devaneios superficiais, mas devidamente sustentada. O filósofo propõe-nos igualmente uma empolgante elucidação da origem do termo ‘desporto’. A palavra terá sido criada e vertida na gíria corrente por marinheiros do Mediterrâneo. Aos duros e trabalhosos dias passados no mar contrapunham a estadia agradável e acolhedora nos portos. Assim, ‘desporto’ é ‘estar de porto’. Este modo de vida não consiste apenas em passar o tempo no molhe ou na amurada do barco com as mãos nos bolsos e um palito ou cigarro na boca, fitando a linha do horizonte e esperando em vão que nela surjam ilhas. O essencial são as conversas nos bares e tabernas entre marinheiros oriundos dos povos e países mais diversos e próximos ou longínquos. Esses diálogos, em que se dão a conhecer e convivem criaturas e culturas díspares e distantes, foram (e são!) um dos órgãos mais eficientes da civilização. É esta dimensão convivial, ecuménica, universalista e civilizacional que perfaz um dos sentidos do desporto.

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