A participação de atletas brasileiras em jogos paralimpicos e as possíveis aproximações com os princípios norteadores da declaração de Brighton
Por Ruth Eugênia Marcondes Cidade (Autor), Monteiro Ianamary (Autor), Doralice Lange de Souza (Autor).
Resumo
Desde o início dos anos 1990 o tema mulheres no esporte se tornou alvo de inúmeras discussões, crescendo mundialmente. Realizado pelo The International Working Group (IWG) on Women & Sport em 1994 a I Conferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte ocorrida Brigthon, Inglaterra, se tornou um marco histórico, gerando desdobramentos até a atualidade. O tratado global fornece um roteiro para apoiar o desenvolvimento contínuo de um sistema equitativo de esporte e atividade física para mulheres com deficiência. Objetivo: relacionar as ações de Brigthon e outros Organismos Internacionais (OIs) que tratam da mulher no esporte e comparar com os dados da participação das atletas brasileiras em Jogos Paralímpicos (JP). Método: Realizamos um estudo documental, coletando informações sobre a participação de atletas no site institucional do CPB e utilizamos uma abordagem quantitativa para comparar a evolução percentual das brasileiras em JP. Resultados: A primeira participação de mulheres na delegação brasileira em JP foi em Toronto 1976, com duas atletas (6%). Em Atlanta 1996, dois anos após a Declaração de Brighton, o percentual de mulheres na equipe brasileira foi 32%. Contudo, não é possível afirmar relação direta entre a declaração e o percentual de atletas. O que destacamos é que nesta edição foi a primeira participação feminina no basquete CR, aumentando o total de mulheres na equipe. Em Sidney 2000 houve uma queda nesse percentual (17%). Daí em diante o percentual de atletas brasileiras em JP tem aumentado discretamente. Londres 2012, 38%, Rio 2016, 36%, Tóquio 2020, 37% de atletas. Tanto na Declaração de Brighton, como nas Conferências e Informes, o IWG e em outros OIs, há menção e recomendações de ações para combater a discriminação, promover adequação dos recursos físicos e atender as especificidades de mulheres com deficiência no esporte. Conclusão: Considerando a tímida evolução da participação de atletas em JP e as pressões dos OIs para aumentar esta demanda, questiona-se: que resposta o CPB, as Associações Nacionais, as Confederações e Federações tem dado aos desafios de promover a acessibilidade de mulheres com deficiência ao esporte paralímpico? É necessário enfrentar o desafio com estratégias assertivas para garantir que mais mulheres com deficiência tenham acesso e condições de permanência no esporte de rendimento no Brasil.