Resumo

O tema da presente dissertação é a preparação para competições de tênis por crianças e jovens dos 8 aos 16 anos de idade. O estudo foi do tipo descritivo-exploratório, de cunho qualitativo. Foram entrevistados 11 treinadores, 7 deles considerados experientes, com mais de dez anos de atuação, e 4 considerados novatos, com média de 4 anos na profissão. A finalidade foi buscar, nos seus relatos, os melhores caminhos para os tenistas infantojuvenis se prepararem para as disputas, bem como investigar quais são os sistemas ideais de competições, na visão de seus treinadores, partindo-se da Teoria da Competição Esportiva para Crianças e Jovens, de Marques (2004), que aborda: (i) a adequação às regras, a partir da infância, que as quais devem ser compatíveis com suas aptidões e competências; (ii) a relação pedagógica entre vitórias e derrotas, sendo ambas importantes para a formação dos mais jovens; (iii) a importância da frequência das competições, considerando-se toda a competição importante, não somente as institucionalizadas, mas também aquelas que ocorrem cotidianamente. Em decorrência dessas ideias, foram criadas as categorias norteadoras do projeto (a priori). Os objetivos que balizaram o trabalho foram os seguintes: (i) analisar a adequação das regras, nas competições infantojuvenis, nas faixas etárias dos 8 aos 16 anos de idade; (ii) verificar a evolução da relação pedagógica entre vitórias e derrotas; (iii) identificar se a frequência das competições está adequada às faixas etárias estudadas. Contudo, foi necessário acrescentar mais 4 questões (a posteriori) para que se pudesse responder às questões norteadoras propostas. A análise dos resultados permitiu verificar que as competições para crianças e jovens estão melhor estruturadas, principalmente nos estágios iniciais, respondendo à primeira questão teórica de Marques (2004). Com relação ao contexto de vitórias e derrotas, os relatos indicam que as condições atuais não atendem aos fundamentos preconizados por Marques (2014), e ainda há muito o que se evoluir nesse âmbito, principalmente desenvolver, com as crianças e jovens, o “saber perder e o saber vencer”. A respeito da frequência maior ou menor das competições, houve certo avanço, mas não suficiente para atender às ideias do autor, pois muitos jovens são vetados de competir por seus treinadores; ou, por outro lado, atletas competem em grande quantidade, mas sem considerar-se o número de derrotas. Quanto às categorias a posteriori, a primeira seção, com relação à transição do modelo Tennis’ 10s para o modelo tradicional, apresenta contribuições relevantes, inclusive para o ensino nos estágios iniciais. A respeito das competições entre os 12 e os 14 anos, a consideração principal é que se deve dar maior atenção aos tenistas para que se mantenham competindo, através de torneios mais atrativos. Com relação à categoria dos 16 anos, houve uma unanimidade entre os entrevistados: todos acreditam que deva seguir da forma atual, seguindo-se o modelo tradicional. Entretanto, essa categoria necessita de maior estudo e aprofundamento. A categoria que aborda a importância dos pais nas competições também apresenta relatos importantes: os treinadores entrevistados enfatizam a transparência que deve ocorrer nas conversas entre treinadores e pais. Por fim, analisou-se a avaliação dos treinadores com relação ao tempo de experiência. Os entrevistados destacaram a importância de se manterem atualizados para aperfeiçoar os treinamentos de seus atletas e de trocar experiências em cursos e em torneios infantojuvenis. De acordo com os treinadores entrevistados, há sinais de evolução de vários aspectos da preparação de jovens tenistas para competições, mas muito do que acontece na prática vai de encontro às propostas teóricas, o que indica a necessidade de intervenção para o alinhamento das práticas recomendadas pela literatura e das condutas efetivas dos treinadores.

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