Editora Apicuri. Brasil 2011. None páginas.

Sobre

O envelhecimento social vem sendo apontado como capaz de influenciar mutuamente a política, a economia e as relações entre as gerações. Indesejável durante o século XX, a velhice acabou tornando o envelhecimento um problema social, principalmente nas sociedades que exacerbaram na valorização das coisas mais afetas à jovialidade. É um fato que não se deu de forma semelhante em nenhuma outra época, sendo surpreendente o que ocorre em diversos países nestes últimos anos.
Será que a sociedade contemporânea está passando a ter mais preocupação, respeito e solidariedade com os que envelhecem, ou ao contrário, estaria cada vez mais individualista, tentando encontrar meios de se afastar e negar o processo normal do envelhecimento, reforçando o modelo de uma velhice marcada pelo estigma de vir a ser um peso para a sociedade? O que estaria por trás dessa pretensa redenção social para com aqueles que envelhecem? Nesse novo modelo de envelhecer, a velhice foi substituída pela terceira idade ativa e engajada, que tem sido a fórmula de maior sucesso, e que não por acaso faz parte das políticas sociais destinadas aos idosos. Teorias psicossociais surgiram no século XX e nos dão o fio condutor para se entender a construção do modelo de envelhecimento ativo, que surge no momento em que a velhice e o envelhecimento constituem-se num problema a ser dividido entre o estado, a família e a sociedade.
O modelo cultural de uma velhice ativa tem sido bem marcante, tanto em outros países ditos como mais desenvolvido como no Brasil, nascendo do impacto exercido pela inscrição da questão envelhecimento/velhice entre os "assuntos de Estado". Como se perceberá no decorrer do livro, o período que ronda a década dos anos 1960 é marcante em diversos aspectos, e é nesta época que se forjou um novo modelo de vida para os que envelhecem. Como uma nova moral passou-se a sugerir de forma incontestável os benefícios do envelhecimento pleno de atividades. Envelhecer bem e envelhecer mal passaram a ser relacionados a um estilo de vida mais ou menos ativo. Grosso modo associa-se essa nova fase da vida como um período em que tudo é aparentemente permitido, mas que na prática ainda é inacessível a grande maioria da população.
O livro escrito pelo professor Edmundo de Drummond Alves Junior da Universidade Federal Fluminense se fundamenta na sua tese de doutoramente e se organiza em capítulos que discutem de forma crítica, ‘o ativismo como opção para um envelhecimento saudável’. Mostra como se constituiu ‘um novo modelo de envelhecimento e suas implicações na vida social’. Sugere ainda que ‘as políticas sociais voltadas para idosos passaram à família e ao indivíduo a responsabilidade pelo bom ou mau envelhecimento’. Estas discussões deram suporte a uma melhor compreensão sobre ‘a vida associativa dos mais idosos e a possibilidade de se educar pelo e para o lazer’. Finalmente, apresentamos a discussão dos dados qualitativos coletados na investigação que procurou comparar associações francesas e brasileiras e a prática de uma atividade física, como a ginástica, que com muita frequência está presente nestes tipos de associações.

Acessar