Resumo

O judo para pessoas com deficiência tem vindo a ser desenvolvido nas vertentes recreativa - com objetivos de socialização, competitiva - através de diferentes federações e organizações, e terapêutica - para a promoção da saúde e (re)abilitação. Nesse sentido, é fundamental auscultar as perceções dos treinadores acerca da inclusão de pessoas com deficiência nas suas aulas de judo. Objetivos: Pretende-se entrevistar treinadores de judo com diferentes níveis de experiência no ensino de judo a praticantes com perturbações do desenvolvimento e averiguar as suas perceções acerca dos fatores ou circunstâncias que facilitariam ou permitiriam a inclusão nas suas aulas. Métodos: Foram realizadas entrevistas a 21 professores de judo, de três países, França (7), Eslovénia (7) e Portugal (7), 7 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Subdividiu-se os participantes em 5 grupos, em função da experiência, da categoria 1: treinadores sem experiência a categoria 5: treinadores de judo inclusivo com muita experiência. Resultados: A análise dos resultados sobre os fatores positivos, no sentido de facilitar a inclusão de um/a participante com perturbações do neurodesenvolvimento na sua aula de judo, revela que os treinadores (14 deles) para se sentirem mais confiantes necessitariam de ter ajuda extra durante a aula, ou um/a segundo/a treinador/a ou a presença de um adulto próximo do participante (membro da família ou educador especializado); ter um grupo reduzido, adequado e preparado para acolher um novo membro (para 9 treinadores), e de obter mais formação específica na área da inclusão, através da participação em cursos e seminários e tendo acesso a literatura apropriada (para 8 treinadores). Conclusões: Tendo em conta a análise das entrevistas, conclui-se que a perceção dos treinadores de judo face à inclusão apesar de positiva, acarreta alguns desafios. Fatores como ajuda extra no decorrer do treino, a existência de um grupo acolhedor e a formação específica parecem revelar-se como sendo facilitadores para uma efetiva inclusão nas aulas de judo. Estes fatores-chave serão estudados no futuro numa investigação quantitativa, graças à criação de um novo instrumento de avaliação, baseado na Teoria do Comportamento Planeado, de forma a obter informação relevante sobre a perceção de treinadores de judo face à inclusão de pessoas com perturbações do neurodesenvolvimento.

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