Resumo

A percepção da doença sobre a qualidade de vida: estudo unicêntrico com pacientes submetidos à hemodiálise no Hospital Santa Casa de Maringá.

Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é definida por alterações anatomofisiológicas dos rins que geram implicações na saúde do paciente, onde aqueles que se encontram em falência renal necessitam realizar uma terapia renal substitutiva sendo a hemodiálise (HD) o tipo mais comum utilizado no Brasil. Os impactos negativos dos sintomas da DRC são mais perceptíveis para aqueles pacientes que estão realizando HD que geralmente tem uma qualidade de vida pior do que os demais. A forma como o paciente com DRC percebe e compreende a sua doença tem sido sugerida como um fator que impacta a sua qualidade de vida (QV), tal forma é entendida como a percepção da doença, pelo paciente, que é definida pelos padrões organizados de pensamento que surgem em resposta a uma ameaça à saúde

Objetivo: Verificar a associação entre a percepção da doença sobre a qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes com doença renal crônica submetidos à hemodiálise.

Métodos: Esta pesquisa transversal contou com 143 pacientes adultos diagnosticados com DRC realizando HD no Hospital Santa Casa de Maringá. Através de uma amostragem por conveniência e em entrevistas presenciais aplicamos questionários de qualidade de vida (KDQOL-SF 1.3) e de percepção de doença (Brief IPQ). A análise dos dados foi feita de forma analítica e descritiva com SPSS 22.

Resultados: A amostra foi composta por homens e mulheres com uma idade média de 52,44 ± 1,37 anos, tempo médio de tratamento de 45,93 ± 3,62 meses. A percepção da doença dos pacientes foi de 30,63 ± 11,76 classificando-os como não tendo uma percepção ameaçadora, o escore de QV foi considerado regular, em média de 67,12 ± 17,67. Os escores abaixo nas dimensões de QV só se encontraram em Peso da doença renal; Atividade profissional e Vitalidade. Identificou-se que os pacientes apresentaram uma média no Componente físico que é inferior à do Componente mental. A ausência de uma percepção de ameaça da doença repercutiu em uma melhor qualidade de vida com impacto em 5 das 23 dimensões avaliadas, exceto em Atividade profissional; Apoio social; Encorajamento do pessoal da diálise; Satisfação do doente e Vitalidade.

Foi encontrada uma associação significativa entre a ausência de ameaça da doença a qual está acima da média nas dimensões de Efeitos da doença renal na vida diária (χ2(1) = 40,823; p = 0,001; Φ = 0,536) e Saúde em geral da QV (χ2(1) = 28,485; p = 0,001; Φ = 0,448). Análise de razão de chance demonstra que a ausência de ameaça tem 11 vezes mais chances de estar acima da média nos Efeitos da doença renal na vida diária quando comparadas com a presença de ameaça (OR = 11,308; IC: 5,113 - 25,008), enquanto a Saúde em geral tem 7 vezes mais chances de estar acima da média (OR = 6,979; IC: 3,319 - 14,672).

Conclusão: Os principais achados encontrados foram que existe uma associação forte entre a ausência de ameaça da doença e a QV em geral, principalmente nas dimensões dos efeitos da doença renal na vida diária e na saúde em geral dos pacientes

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