Resumo
Apesar da terapia antirretroviral (TARV) preservar os linfócitos TCD4+ de pessoas vivendo com HIV (PVHIV), seu uso regular e a infecção viral associam-se a alterações negativas na composição corporal, capacidade aeróbia, força muscular e potência muscular de membros inferiores (PMMI). Embora o treinamento físico periodizado ondulatório diário (TFPOD) seja eficaz em PVHIV para atenuar tais adversidades, é incerto se esse tipo de abordagem promove efeito adicional comparado ao treinamento físico não periodizado (TFNP). O primeiro estudo investigou se o TFPOD quando comparado ao TFNP promove efeitos adicionais na melhora da composição corporal, capacidade aeróbia, força muscular, PMMI e dos linfócitos TCD4+ de PVHIV. Quarenta e uma PVHIV foram randomizadas em grupo Controle (CON; n=15), TFPOD (n = 13) e TFNP (n = 13). Os grupos TFPOD e TFNP realizaram um treinamento combinado três vezes por semana durante 12 semanas. O TFPOD promoveu maior ganho na força muscular (exceto para o supino reto (SP)), VO2pico e PMMI em relação ao TFNP. Houve aumento dos linfócitos TCD4+ apenas no grupo TFPOD. O efeito geral do treinamento promoveu uma correlação positiva entre a mudança da força no leg press (LP), tríceps pulley (TP), puxada frontal (PF) e a PMM com a mudança dos linfócitos TCD4+. Conclui-se que o TFPOD é mais eficiente para aumentar o desempenho muscular, capacidade aeróbia e os linfócitos TCD4+ de PVHIV. Referente ao segundo estudo, sabe-se que a TARV contribui para o maior risco do desenvolvimento da resistência à insulina (RI) em PVHIV. A RI está associada à hipertensão arterial, mudanças negativas na composição corporal e a um menor desempenho físico. O primeiro objetivo do segundo estudo foi verificar se PVHIV e resistentes à insulina (PVHIV+RI) apresentam maiores agravos em parâmetros da saúde e do desempenho físico em comparação a PVHIV sem RI (PVHIVSRI). O segundo objetivo foi verificar se o TFPOD pode atenuar de modo mais significativo às adversidades frente a RI em PVHIV+RI quando comparado ao TFNP. Para o primeiro objetivo, PVHIV foram divididas em grupo PVHIV+RI (n = 30) e PVHIVSRI (n = 11). Para o segundo objetivo trinta PVHIV+RI foram alocadas em CON (n = 10), TFPOD (n = 10) e TFNP (n = 10). Os grupos TFPOD e TFNP realizaram um treinamento combinado três vezes por semana durante 12 semanas. PVHIV+RI apresentaram maior IMC, pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial sistólica (PAS), %MG e maior concentração de lactato (LAC) comparadas a PVHIVSRI. Ainda, PVHIV+RI apresentaram menor %MLG e VO2pico. O TFPOD promoveu efeitos adicionais no aumento da força de LP e VO2pico, bem como na redução da Hb1ac quando comparado ao TFNP. Apenas o TFPOD reduziu as concentrações de LAC e a PAS. O efeito geral do treinamento demonstrou correlação negativa entre a mudança da Hb1ac com as mudanças do SP, LP, PMMI, VO2pico. Conclui-se que PVHIV+RI apresentam maiores agravos nos parâmetros da saúde e menor VO2pico em comparação a PVHIVSRI. Entretanto, os resultados da intervenção sugerem que o TFPOD pode atenuar de modo mais significativo os agravos relatados em PVHIV+RI.
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