Resumo


O objetivo deste trabalho é analisar a perpetuação dos ideais da dominação
masculina e simbólica, de acordo com BOURDIEU (2003), pelas mulheres
praticantes de musculação na Rocinha, favela-bairro do Rio de Janeiro.
Propomo-nos identificar, no discurso das praticantes de musculação da Rocinha,
enunciados que corroborem a tese da dominação simbólica masculina, bem
como interpretar tais enunciados com base em FRANCO (2003). A metodologia
utilizada para a realização deste estudo é qualitativa, de natureza exploratória,
com uso de entrevistas semi-estruturadas com sete mulheres praticantes de
musculação em uma academia da Rocinha. A seguir exemplificaremos duas
falas prototípicas das entrevistas: a) entrevistada M.:- Você acha que pode levar
vantagem por causa do seu corpo/da sua aparência? Vantagens, digamos: se
eu de repente, for fazer uma entrevista como o meu trabalho eles dão privilégios
para as pessoas magras, as gordinhas eles já descartam. Eu conheço também
pessoas que já sofreram com isso até por ter o corpo mais gordinho perderam
emprego. b) entrevistada S.:- Você acha que os homens valorizam mais (tratam
melhor) as mulheres com corpo bonito? Ah, eu acho.Ah, porque esses homens
hoje em dia só querem mulher bonita. Eu conheço homem assim. Cuidados
corporais e estéticos são muito utilizados e valorizados em nossa sociedade,
atingindo grande parte da população tornando-se acessíveis à grande maioria
que se interessa em tê-los. Mulheres de diferentes esferas sociais se empenham
na busca e manutenção de seus corpos, de acordo com os padrões de beleza da
atualidade. As mulheres praticantes de musculação na Rocinha se dedicam à
perpetuação dos ideais de beleza existentes nesses padrões de beleza; ao agirem
dessa forma elas fazem parte dos segmentos que perpetuam os ideais de
dominação simbólica masculina, de acordo com Bourdieu, 2003. Postulamos
que o papel das mulheres da Rocinha é de cumplicidade com o mercado
profissional e com os homens, em que a mulher que se encaixa nos padrões de
beleza estipulados pelos meios sócio-culturais controlados..

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