Resumo

O objetivo da tese foi averiguar se a postura do ceticismo epistemológico e o relativismo ontológico permeiam a produção do conhecimento da Educação Física, mediante a análise ontológica das teses produzidas nos programas de pósgraduação da área. Para o desenvolvimento da tese foi imprescindível a compreensão das várias facetas e conseqüências das opções filosóficas e científicas contemporâneas, que aportam-se em realismos e/ou anti-realismo. Nossa hipótese é de que o ceticismo epistemológico e o relativismo ontológico permeiam a produção da área e que ela se estabelece por uma aliança entre aparentes antípodas. A análise das quinze teses selecionadas buscou compreender, quais eram os autores que davam suporte à teorização sobre conhecimento e ciência na Educação Física e o encaminhamento metodológico adotado nessas pesquisas, visando indicar a concepção ontológica a partir das noções de conhecimento e ciência que esses pesquisadores possuem. Organizamos a exposição de nossa tese em quatro capítulos. No primeiro, Conhecimento e ciência: apresentando os pressupostos para uma compreensão ontológica, discorremos sobre o processo de constituição daquilo que denominamos ciência moderna. Na seqüência atentamos para a necessidade de realizarmos uma crítica explanatória às compreensões de conhecimento e ciência que se apresentam como hegemônicas, bem como das posturas que fazem a crítica a elas. Apresentamos os argumentos da crítica ontológica de Georg Lukács e do realismo crítico de Roy Bhaskar. Baseado nesses dois autores, buscamos compreender a relação entre ciências naturais e ciências sociais. No segundo capítulo, A relação entre Educação Física e ciência, identificamos a ciência como constitutiva do pensamento da Educação Física. Indicamos de modo sumário a polêmica sobre a identidade da Educação Física e o debate em torno desta ser uma ciência ou não. Ademais, retratamos como as pesquisas sobre a produção do conhecimento na Educação Física têm enfocado essa produção. Demonstramos que o modo epistemológico de classificar a área institui uma polêmica que garante o privilégio para o conhecimento oriundo das ciências naturais sobre as sociais. Apontamos a existência de um novo entendimento sobre ciência na produção teórica da Educação Física: o anti-realismo. No terceiro capítulo, A pós-graduação em Educação Física: contornos político e acadêmico, apresentamos como se desenhou a política de pós-graduação no Brasil, enfocando a lógica que irá orientar a reformulação dos programas, bem como o novo status dado à avaliação nesse contexto. No quarto capítulo, Tendências na produção do conhecimento em Educação Física, apresentamos o material empírico e a análise realizada para indicar as tendências na produção do conhecimento em Educação Física. Concluímos em nossa pesquisa que as tendências na produção do conhecimento, apontam, a partir de uma perspectiva ontológica, que a grande maioria das pesquisas (80%) está fundada em algum tipo de realismo empírico. Em menor proporção (20%), constatamos a presença de um realismo científico. 

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